Vinho capixaba é destaque nacional
A pandemia de coronavírus alterou de forma brusca o comportamento do consumidor, tendo em vista a diminuição do poder de compra do brasileiro. Além disso, o fim do recebimento do auxílio emergencial para muitas famílias nos primeiros meses do ano, o agravamento dos casos de Covid-19 e a elevação do desemprego também marcaram o começo de 2021.
Do lado da oferta, o clima prejudicou a atividade leiteira em muitas regiões e a taxa de câmbio desfavorável encareceu insumos importados e elevou os preços do milho.
No primeiro trimestre, os gastos com os principais itens que compõem os custos da atividade leiteira subiram e os valores pagos pelo leite registraram desvalorização. Os fatores que mais influenciaram o avanço das despesas foram os adubos e corretivos, que se valorizaram expressivos 12,86% em março – superando, portanto, a já intensa alta registrada em fevereiro, de 6,02%.
O movimento de elevação desses insumos, por sua vez, se deve aos altos valores pagos para aquisição de matéria-prima para a fabricação, tendo em vista o dólar bastante valorizado frente ao real.
Além disso, o peso do grupo de matérias primas referentes aos alimentos concentrados (basicamente compostos por milho e farelo de soja) provocou receio nos produtores em investir na atividade, o que certamente resulta em indefinições quanto à capacidade produtiva da oferta de leite no campo.
Ao se considerar os valores de custo sob a ótica dos resultados da “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), os desembolsos com a alimentação concentrada subiram 6,23% no primeiro bimestre de 2021, segundo dados do Projeto Campo Futuro (CNA/Senar).
Diante disso, é crucial lembrar que a ração é um insumo diretamente ligado ao desempenho produtivo dos animais e, consequentemente, à geração de receita com a atividade. Portanto, são necessários critérios técnicos e econômicos muito bem fundamentados para adotar alguma alteração na dieta, pois uma opção de redução arbitrária pode gerar uma degradação maior nas margens do negócio.
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira também fechou o primeiro trimestre de 2021 com elevação acumulada de 7,24%, considerando-se a “média Brasil”, com alta de 1,86% em março. Isso se dá também pelas consecutivas valorizações do milho neste ano, cereal que é negociado a preço recorde real.
Segundo dados do Cepea, o atual poder de compra do produtor de leite frente ao milho é o mais desfavorável em 10 anos. Em março, o pecuarista leiteiro precisou de 47,21 litros para a aquisição de uma saca de 60 kg, 11,93% a mais que em fevereiro.
O que esperar?
Em uma visão crítica, o restante do ano de 2021 deve permanecer com os custos de produção elevados para o produtor de leite, o que exigirá muita cautela e planejamento por parte do produtor.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória