Custos de produção elevados para o produtor de leite
Na última semana, a Cúpula de Líderes sobre o Clima organizada pelo governo dos Estados Unidos, reuniu autoridades de mais de 40 países para discutir sobre a crise climática. O evento pautou discussões que podem ser abordadas novamente na COP26, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que neste ano acontecerá em novembro, na Escócia.
Também foram discutidas a capacidade de geração de emprego e renda em territórios que adotaram a agenda de ação climática, dentre outros planejamentos que busquem a utilização de tecnologia, cooperativismo internacional e criação de benefícios econômicos em favor do combate à devastação ambiental. Na abertura, líderes de várias partes do mundo falaram sobre as ações que estão tomando para lidar com essa ameaça ao futuro do planeta.
O presidente Jair Bolsonaro foi o 19º líder a discursar, confirmando que até 2050 o Brasil vai alcançar a neutralidade climática, com redução drástica das emissões de gases causadores do efeito estufa e com a adoção de medidas ambientais que compensem o que já foi lançado ao ambiente.
Outro ponto que chamou atenção na fala de Bolsonaro foi a promessa de que o país acabará com o desmatamento ilegal nos próximos nove anos. Na imprensa internacional, o tom do discurso foi recebido com grande ceticismo. Isso porque as ações anteriores, prometidas para proteger a floresta, resultaram em pouco progresso e o desmatamento aumentou nos últimos anos.
O Brasil possui diferenciais que não foram apresentados com clareza pelo presidente. As práticas agropecuárias de baixo carbono desenvolvidas no país, a integração lavoura, pecuária, floresta (ILPF), o plantio direto, a recuperação de pastagens degradadas e outras medidas, que já alcançam mais de 50 milhões de hectares, não foram citadas. Desde que o Plano Agropecuária de Baixo Carbono (plano ABC) foi aprovado em 2011 e atualizado (Plano ABC+), essas providências auxiliam no desenvolvimento de práticas sustentáveis e preservam o meio ambiente.
Por outro lado, a exploração de alternativas como os biocombustíveis, são exemplos da liderança brasileira em tecnologias mitigadoras de emissão de carbono. Além disso, o Brasil é responsável apenas por cerca de 3% das emissões líquidas de gases de efeito estufa no mundo e por desenvolver tecnologias e práticas que podem contribuir de forma significativa para a inovação e resiliência do agronegócio.
De forma incontestável, o desafio global passa por erradicar a fome e garantir segurança alimentar. No entanto, além de prometer ou especular, é essencial a ajuda na construção de soluções para produzir mais, de modo eficiente e reduzir emissões de GEE, recuperar o solo, fomentar investimentos e inovação em todos os sistemas produtivos.
Brasil, EUA, União Europeia e China
Para enfrentamento dos desafios ambientais globais, é preciso que o Brasil mantenha esforços para perpetuar boas relações comerciais com China, União Europeia e Estados Unidos, atores relevantes nesse cenário.
“Ameaçar um boicote a produtos agrícolas brasileiros por causa da agenda ambiental é uma narrativa fácil por parte de países europeus, por exemplo. Por isso, é importante não apenas termos ações que controlem o desmatamento de nossos biomas e de outras que ajudem na preservação ambiental, como controlarmos a narrativa de que estamos fazendo o dever de casa”, afirma Luan Sperandio, Editor-chefe da Apex Partners e que assina a coluna Data Business do Folha Vitória.
“É a velha história de que à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta: além de trabalhar bem, o governo brasileiro precisa criar um ‘newsflow’ positivo em relação ao Brasil e ao tema, que repercuta positivamente à nível global. É uma forma de proteger ao mesmo tempo o meio ambiente e o agronegócio”, complementa.
Vale ressaltar que esses países são responsáveis por influenciar o comércio internacional com suas políticas ambientais. Juntos representam quase 60% do PIB global, participam em 42,3% das exportações mundiais e são responsáveis por 42% das emissões globais de GEE.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória