Como o dólar influencia no agronegócio?
Entre os anos de 2019 e 2020, houve um crescimento de 35% para 39% de produtores que aderiram ao barter, fazendo com que o procedimento se tornasse uma tendência no setor. Se traduzirmos do inglês, a palavra significa troca, permuta ou escambo.
Especificamente para o agronegócio, o termo está vinculado à prática de trocar uma parte da produção por maquinário ou insumo, garantindo maior segurança para o agricultor, tendo em vista a possibilidade de compra, sem a necessidade de intermediação monetária imediata.
Na prática, a operação funciona por meio de uma conversão: X sacas de adubo ou de inseticida por Y sacas de café, por exemplo. Em resumo, o barter surgiu para simplificar a negociação entre empresas de insumos e produtores rurais.
Na maioria dos casos, três agentes principais são envolvidos em uma transação de barter: o produtor, que produz e troca parte do produto por insumos; o fornecedor de insumo, que vende as sementes, fertilizantes ou defensivos; e o trading ou consumidor de grão, que tem interesse em comprar e preparar esse produto para consumo ou venda e representa o consumidor final.
O acordo é realizado antes da colheita e formalizado por meio da CPR (Cédula de Produto Rural), que nada mais é que um contrato legal com liquidação financeira. “A operação de barter gera inúmeros benefícios para o agricultor, mas neste momento é muito importante ter um suporte de um especialista para acompanhar as operações e garantir a segurança na elaboração e gestão desses contratos”, comenta Betina Marques, advogada especialista em agronegócio e barter.
Um dos pontos chave da prática é a diminuição de riscos para o produtor rural, já que a negociação é feita com antecedência. Logo, ele se compromete a entregar uma parte da colheita ao mesmo tempo que o preço é estipulado previamente, protegendo-o das variações cambiais, juros e preços dos commodities.
Por outro lado, há também a redução de problemas com armazenamento, pois o proprietário já sabe quem é o comprador e qual o local de entrega, evitando maiores preocupações com a estocagem do produto. O baixo custo da operação é outro atrativo, pois o pagamento é realizado por meio de grãos, após a colheita, e não é preciso recorrer a empréstimos que cobram taxas de financiamento. Além disso, o barter abre o mercado para o produtor e garante um maior alcance comercial, tendo em vista as oportunidades de negociação com diversos compradores.
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