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O cacau é um fruto famoso pelo seu uso na produção de amêndoas e chocolates. Além disso, sua exportação como commodity é uma das frentes do agronegócio brasileiro. Contudo, no Espírito Santo, outra finalidade foi encontrada: o uso para a fabricação de aguardente. Nesse contexto, foi no estado que surgiu a primeira bebida 100% dessa matéria prima do Brasil, a partir da iniciativa do capixaba André Scampini.
Com atividades realizadas no município de Linhares, que concentra 85% da produção de cacau do estado segundo a prefeitura do município, o fruto era utilizado para extração de amêndoas e era descartado posteriormente. Assim, com o aproveitamento das sobras, surgiu a Cacahuatl, que significa suco amargo na antiga língua Náuatles, falada pelos astecas. Contudo, ao contrário do que era consumido pelo alto escalão das sociedades pré-colombianas, a aguardente remete ao doce sabor cítrico da fruta, com toques de amêndoa e chocolate amargo.
“Sempre fui um apreciador de boas bebidas. Fiz curso de enologia e aprendi a fabricar cerveja artesanal, tudo por hobby. No começo, com a Cacahuatl não foi diferente. Mas quando comecei a distribuir amostras da bebida, recebi muitos feedbacks positivos e desejos de encomendas para presentes, por exemplo, o que me motivou a levar o negócio a frente. Assim, o marco inicial foi em 13 de maio de 2018, quando ocorreu a primeira destilação”, comenta André Scampini, criador do primeiro destilado de cacau do Brasil e fundador da Velho Carvalho.
“Sobre o nome, a ideia era fazer uma homenagem a um produto originado entre a América Central e do Sul, que tinha relevância entre o povo asteca. Algumas histórias dizem que esse produto era tão importante para esses povos, que as amêndoas eram usadas como espécie de moeda nessa sociedade”, destaca.
Por outro lado, a produção exige habilidade e cuidado. Em primeiro lugar, separa-se as amêndoas do restante do fruto. Depois, há a fermentação de uma mistura chamada mosto, que é a matéria-prima do cacau com açúcar. Por fim, ocorre a destilação e armazenagem a fim de que a bebida “descanse” por meses em dornas de inox ou barris de madeira.
“No início, o grande desafio foi criar a receita do zero com o cacau. Não havia muita informação disponível na internet. Procurei também pesquisadores em diversos lugares para me auxiliar no processo de destilação do fruto para se chegar à bebida alcoólica, mas nada disso havia sido explorado a esse ponto, por isso, tive que criar minha própria fórmula. Minha experiência como destilador e cervejeiro caseiro me ajudou nesse processo de tentativa e erro”, salienta.
A nova ideia evita desperdícios e promove a sustentabilidade
Por ser produzida a partir do que seria descartado, o destilado inovou de forma sustentável, além de promover uma nova fonte de emprego e renda para os trabalhadores rurais. Hoje, produção e envase da bebida são terceirizados, por meio de parceria com destilaria também de Linhares, a Princesa Isabel. Vale lembrar que, em 2012, o município recebeu o selo de indicação geográfica (IG), reconhecendo e valorizando a procedência e as características de produtos regionais.
A receita da Cacahuatl teve o pedido de patente requerido e teve marca registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e como bebida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com o objetivo de especializar a produção, André também abriu a empresa Velho Carvalho e participou do Programa de Qualificação para Exportação, oferecido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
“Começamos a escalar a produção da bebida em fevereiro de 2019 para iniciar a distribuição em novembro do mesmo ano. Além disso, estamos em fase de conversação com o mercado internacional. Foram enviadas amostras para países como Estados Unidos, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Portugal, Luxemburgo e também para o continente asiático. Apesar de ser um produto de exportação, iremos atender o mercado nacional também”, acrescenta Scampini.
“Assim, teremos um produto não só 100% brasileiro, mas também 100% capixaba, que está em vias de atravessar fronteias”, conclui.
Você pode adquirir sua garrafa de Cacahuatl neste site, se for de São Paulo. Hoje, a modalidade de venda é mista, e o destilado também é vendido em Vitória no supermercado Perim Mata da Praia e na loja de Itapuã, na rede Oriundi Supermercados, em Aracruz e Linhares. Algumas outras lojas físicas nessas cidades também vendem o produto. Há também uma parceria com a Espírito Cacau, uma empresa de chocolate que vende em seu catálogo.
Amanhã, veremos mais sobre o cacau de Linhares. Não perca!
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