Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desde 2000, o crescimento médio das vendas no varejo de produtos orgânicos ao redor do mundo foi superior a 11% ao ano. Esses resultados têm sido impulsionados pela expansão da demanda por alimentos e bebidas desse gênero nos países da Europa, da América do Norte e na China. Mas essa evolução deve seguir pelos próximos anos, visto que esses produtos são frequentemente associados a maiores níveis de segurança e saúde e menores impactos sociais e ambientais.
Essa cultura, ao contrário do que se encontra convencionalmente, consiste na não utilização de agrotóxicos, transgênicos, fertilizantes sintéticos, além de não serem processados com radiação ionizadora ou aditivos, seja na questão nutricional da planta ou no tratamento contra doenças e pragas. Ainda, nas propriedades orgânicas, todas as etapas de produção consistem no uso de técnicas sustentáveis. Assim, busca-se diversificar e integrar o cultivo de espécies vegetais e animais.
Apenas em 2020, esse segmento movimentou cerca de R$ 6 bilhões no Brasil, valor 30% acima do resultado de 2019, segundo a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis). Além disso, houve um aumento de 5,4% nas unidades de produção certificadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sendo que, atualmente, são mais de 22 mil, incluindo propriedades rurais, agroindústrias, processadores, distribuidores e lojas.
Mas vale ressaltar que como um mercado em construção no país, ainda enfrenta alguns desafios como o ganho em escala, disponibilidade de insumos (bioinsumos), pesquisa e assistência técnica, produção on farm de insumos, ampliação dos mercados locais e logística.
“O Espírito Santo está muito bem posicionado no mercado de orgânicos nacional. O estado conta com o clima apropriado para o cultivo de hortaliças; frutas tropicais, especialmente na região norte e frutas temperadas, principalmente na região serrana. Assim, há muito a ser explorado nacionalmente e internacionalmente”, afirma Fábio Morais, fundador da Universidade Orgânica e consultor em produção e certificação orgânica.
“Contudo, em termos de certificação das propriedades, o ES ficou para trás, uma vez que não há uma política pública clara em relação ao sistema de produção orgânico e estamos engatinhando no quesito logística. Ainda assim, o produtor não perde em termos de entrada nesse mercado. Mas se quisermos evoluir, devemos melhorar as informações e o uso de tecnologia, como em qualquer outro segmento”, acrescenta.
“Inclusive, muitas vezes essas ferramentas devem ser até mais sofisticadas do que nas culturas convencionais, uma vez que deve-se fazer manejo do solo e de pragas e doenças frequentemente, tendo uma visão mais sistêmica de toda a propriedade. Apesar de um ótimo começo, ainda há muito espaço para evoluir”, finaliza.
O Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO)
Desde 2011, o Mapa disponibiliza em seu site o CNPO, que consiste na relação das unidades de cultivo orgânico do Brasil, apresentando a listagem dos organismos que controlam a qualidade orgânica e de organizações de controle social, que comercializam esses produtos diretamente ao consumidor final.
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