A importância do mamão na economia capixaba e nacional
Nos últimos meses, os brasileiros sentiram tanto no bolso quanto na mesa do almoço e do jantar os aumentos nos preços da carne bovina. Segundo a Scot Consultoria, os cortes dianteiros, como cupim, acém e peito, estiveram 54% mais caros em maio deste ano do que no mesmo período do ano passado. Por outro lado, em relação aos cortes traseiros, como picanha, alcatra e lagarto, observou-se valorização de 42,2% no mesmo período.
Mas quais os motivos desses movimentos e quais as perspectivas até o fim do ano?
Em 2020, as carnes vendidas aos consumidores finais nos supermercados sofreram uma elevação de preços de 18% em média. Ainda, nos últimos 12 meses até o início de junho, registrou-se evolução nos valores na ordem de 29,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE.
De acordo com a Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), um dos motivos para as relevantes altas nos preços é a redução na disponibilidade de gados para abate. A partir dessa redução na oferta, os consumidores observam valores maiores nas prateleiras dos supermercados.
Além disso, com o agravamento do cenário hídrico ao longo desse ano em algumas regiões do país, parte do pasto destinado a alimentação dos animais foi afetada. Nesse sentido, os pecuaristas gastam mais para reparar os danos e irrigar a terra. Por consequência, esse aumento de despesas é repassado aos consumidores em certa medida.
Por outro lado, com o dólar ainda em alta, há incentivos maiores para que os produtores direcionem maior parte da produção para as exportações, o que aumenta a escassez e, assim, o preço. Mas a moeda americana afeta os pecuaristas por outra frente: boa parte dos insumos usados em suas atividades são importados, aumentando as suas despesas.
Além da certa estabilidade nos fatores nacionais que afetam o preço da carne, o mercado internacional sinaliza que os valores ainda devem seguir elevados. Isso porque os preços de bezerros de confinamento, animais que ainda serão engordados para abastecer o mercado de carnes no futuro, escalaram em níveis recorde desde março de 2016 em Chicago.
Na prática, esse fenômeno foi motivado por uma redução no rebanho dos Estados Unidos em 1,3% em relação ao ano passado., dadas as condições climáticas rigorosas e o aumento nos preços da ração. Vale lembrar que a recente seca e aumento das temperaturas para nível recorde também levaram pecuaristas a antecipar o abate de animais em território americano.
Com isso, consumidores à nível global devem esperar preços ainda mais altos da carne bovina, que também subiu em 2020 devido a interrupções causadas pela pandemia nas cadeias internacionais de suprimento.
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