Crédito rural atinge recorde e Sicoob lidera no ES
A coluna de hoje é muito especial, conta a história de uma jovem que cresceu no ambiente da agricultura, em uma família que cultiva cacau há mais de 20 anos no interior do estado, mas que optou por ir morar na capital e se estabeleceu na carreira de Arquiteta.
Aline Rocha Mendes contou à nossa coluna como ela conseguiu virar a chave da sucessão rural e transformar as amêndoas produzidas na fazenda de sua família em deliciosos chocolates Tree to Bar (da árvore a barra) que têm conquistado vários fãs.
Mesmo crescendo em uma fazenda de cacau, Aline compartilhou que durante toda a sua infância nunca tinha tido a oportunidade de provar um chocolate diferente do tradicional do supermercado. E isso sempre a deixava muito curiosa. Foi quando ela começou a se despertar a pesquisar mais sobre como agregar valor à produção dentro da porteira.
“Eu sempre tive a dúvida de como seria o chocolate com as amêndoas da nossa fazenda e quando descobri que existia um movimento chamado Tree to bar, vi uma solução. Busquei formação em São Paulo, entrei em um grupo de mulheres fazedoras de chocolate e fiz um investimento inicial baixo em uma pequena Melange (equipamento desenvolvido para produção de pastas e chocolate)” destaca Aline.
No começo ela ainda conseguia aliar o trabalho de arquitetura com a produção de chocolate e vendia para pessoas próximas a ela. A aceitação era unânime e as pessoas passavam a busca-la para consumir chocolate de teores mais elevados de cacau, especialmente 70%.
“Com o tempo eu consegui ver que não era apenas um hobby, mas era uma possibilidade de agregar valor dentro da fazenda. Essa mudança de olhar, nos fez começar a ver a necessidade de melhorar processos internos em nosso sistema de pós colheita e nosso beneficiamento do cacau, elevando ainda mais a qualidade.” contou.
Entretanto, Aline não está sozinha nessa missão de elevação de qualidade dentro da fazenda. Seu pai, Sr. Manoel Mendes Miguel, sempre foi conhecido dentro da cacauicultura capixaba por ser pioneiro na mecanização e inovações de maquinários para beneficiamento de cacau de qualidade. E foi dele a ideia do nome da marca de chocolate da fazenda, Cacauchaua. Nome bem brasileiro e representativo, pois é o nome de um papagaio que está em extinção, mas que tem em grande quantidade na fazenda e é conhecido por amar consumir cacau.
“Foi só através da marca que voltei para o Agro, pois vi que poderia me envolver mais com a fazenda pois o tempo era outro. Hoje temos uma disseminação da tecnologia no campo e qualidade de vida na fazenda. Para se ter uma ideia, hoje temos Wi-fi, sinal de telefone na fazenda, consigo até fazer pagamento de funcionários via pix” brincou Aline.
Exemplos como o que trouxemos hoje mostram o quanto o campo está se profissionalizando, pois a nova geração tem visto a tendência mundial de cada vez mais os consumidores procurarem alimentos menos processados, feitos com ingredientes mais puros e de origem conhecida.
O movimento citado acima, conhecido como Tree to bar, é usado para classificar chocolates produzidos pelo mesmo fabricante desde o cultivo até a produção da barra. Significa que todo o processo desde o cultivo da terra, plantação do cacau, colheita, secagem da amêndoa, processamento e produção do chocolate, foi realizado pelo mesmo produtor(a). Movimento muito parecido com o Bean to bar, já explicado em coluna anterior.
“A nova geração precisa entender que sucessão não acontece apenas só pegando na enxada no campo. Podemos trabalhar com softwares, startups de tecnologia, gestão de propriedades e novas formas de comercializações. Gostaria de deixar um incentivo especial para as mulheres que tem interesse pelo agronegócio, temos muito a agregar ao campo” conclui Aline.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória