Município de São Mateus é líder em produção de camarão no ES
Desde que Larry Fink, presidente da BlackRock (maior gestora de recursos do planeta) disse que “risco climático é também risco de investimento”, investidores e empresas têm se atentado cada vez mais para as questões ambientais do cotidiano empresarial.
Com isso, o ESG, sigla em inglês para os aspectos ambientais, sociais e de governança, têm ganhado cada vez mais espaço e tido mais importância na tomada de decisão de investidores. Explicaremos na coluna de hoje o que exatamente é o carbono neutro e os reflexos dessa política de governança ambiental no agro.
O Acordo de Paris, pacto assinado em 2015 por 195 países em prol de um combate às crescentes mudanças climáticas, estabelece um comprometimento das nações participantes ao combate do aquecimento global.
Uma das principais maneiras de realizar esse combate e que têm ganhado cada vez mais espaço é a adoção de uma meta de carbono neutro. Quando uma empresa divulga que possui uma meta desse tipo, significa que ela calculou toda a quantidade de dióxido de carbono que ela emite e possui um plano para a absorção desse gás da atmosfera.
Para cumprir essa meta, ela pode optar por alguns caminhos como a substituição dos combustíveis fósseis utilizados em fornos industriais por biomassa, instalação de painéis solares para reduzir o impacto ambiental indireto causado pela compra e consumo da energia elétrica e optar por fornecedores e transportadoras que utilizam somente biocombustíveis no transporte de insumos e produtos de forma que neutralize parcialmente ou totalmente toda a emissão de carbono da companhia.
A Suzano, empresa brasileira de fabricação e exportação de celulose, já é hoje carbono neutro. Além disso, eles têm como objetivo se tornar o que eles chamam de “carbono negativo”, o que significa que eles pretendem neutralizar uma quantidade de dióxido de carbono maior do que a companhia emite. Para isso, eles pretendem capturar 40 milhões de toneladas de CO2 até 2030, o que equivale a 2 anos de emissão de carbono da cidade de São Paulo.
A companhia tem tomado medidas como a substituição do maquinário antigo por um moderno, aproximação das florestas de eucalipto à linha de produção e aumentando o uso de combustíveis renováveis em toda sua cadeia de produção.
Para o fundador do ECO 55 – primeiro HUB de ESG do Espírito Santo, Guilherme Barbosa, a indústria agropecuária e a cafeicultura, do grande ao pequeno produtor rural devem se atentar a economia de baixo carbono. “A cafeicultura e a pecuária precisam ficar atenta ao movimento em torno de uma economia de baixo carbono, porque boa parte dos insumos utilizados possuem impactos que serão cobrados muito em breve. Muitos fertilizantes agrícolas possuem impactos ambientais, com efeitos danosos à água e à vida marinha”, explica.
Guilherme também disse sobre a fermentação entérica, um processo de digestão dos animais bovinos que produz muitos gases contribuintes do aquecimento global, e explicou a importância e o tamanho do impacto da indústria da carne em relação ao carbono. “Um dado interessante é que hoje, a indústria da carne no Brasil emite mais gases do efeito estufa do que todo o sistema de transporte brasileiro à base de combustíveis fósseis”, aborda.
Para Guilherme, o agronegócio precisa se atentar à velocidade em que a preferência dos consumidores está mudando, destacando que, quem não se alinhar ficará de fora do mercado.“O setor do agro precisa ficar ligado na velocidade em que o mundo está indo. O mercado internacional não quer comprar a pegada de carbono junto ao seu produto. Quem não se alinhar à economia de baixo carbono, vai sair do mercado no futuro. Ou as empresas reduzem o impacto, ou seu consumidor terá que pagar por isso e ele vai decidir se quer ou não pagar essa conta”, disse.
“A agricultura orgânica já foi um nicho, hoje é vantagem competitiva e no futuro se tornará obrigatória”, finaliza Guilherme.
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