Com produção anual de 340 milhões de dúzias por ano, Santa Maria de Jetibá é a capital brasileira do ovo
O cultivo de frutas, verduras e legumes nos centros urbanos está mudando a cara da paisagem. Essa prática foi iniciada na década de 1960 como exemplo de sustentabilidade e, atualmente, é realizada por mais de 800 milhões de pessoas em todo o planeta, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Estima-se que até 2025 o mercado global desse tipo de plantação vai crescer em torno de US$ 10 bilhões.
Muito mais do que hortas, as fazendas urbanas se consolidaram como uma solução inteligente para garantir alimentos frescos e mais saudáveis aos moradores dos centros urbanos. As primeiras surgiram em Nova York, em quintais, terraços e galpões. Na Europa, já existem centenas delas. Em 2017, foi iniciada a primeira fazenda urbana da América Latina, em Belo Horizonte. Desde então, outras vêm sendo criadas, especialmente em São Paulo.
No início deste ano, o Espírito Santo ganhou a primeira fazenda urbana. Funciona num espaço de 1 mil metros quadrados onde antes havia um estacionamento, na Praia do Canto – bairro nobre da capital capixaba. No local, o casal de empresários Hanna e Luiz Gustavo Leocádio produzem 10 diferentes tipos de alface, 4 variedades de rúcula, agrião, acelga vermelha, folhas de beterraba e mostarda, manjericão, espinafre e coentro.
O cultivo é hidropônico, ou seja, sem o contato com o solo e sem uso de agrotóxicos. “Por exemplo, a gente pega uma semente de alface e coloca dentro de uma espuma inerte. Depois de dois dias ela cresce. Após 10 a 14 dias, a gente transplanta. O desenvolvimento ocorre na água em perfis hidropônicos, por onde passa uma solução nutritiva. Depois de 25 a 30 dias, a planta está pronta para colheita.”, explica Luiz Gustavo.
A ideia surgiu da dificuldade que ele e a esposa tiveram para encontrar produtos orgânicos depois que se mudaram do rio de Janeiro para Vitória. “A gente não achava os produtos que estava acostumado a consumir com facilidade. Resolvemos nos jogar e montar o negócio. Conhecemos o conceito de fazenda urbana que é você plantar dentro da cidade, colher na hora e entregar esse produto o mais fresco possível para o cliente.”, destaca Hanna.
Atualmente eles produzem cerca de 7 mil unidades de hortaliças por mês, mas podem dobrar a capacidade. Os clientes podem fazer a colheita no local ou receber os produtos em casa a cada quinze dias ou toda semana, por meio de assinatura. De acordo com os empresários, somente no último mês a procura aumentou cerca de 20%. Atualmente eles estão testando o cultivo de cebolinha, salsinha e de brotos também em hidroponia.
O surgimento de novos negócios do tipo pega carona no aumento da procura por alimentos orgânicos, principalmente após a pandemia. De acordo com a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) o setor encerrou o ano de 2020 com aumento de 30% nas vendas, movimentando cerca de R$ 5,8 bilhões. No ano passado, houve aumento de 12% e o mercado brasileiro de orgânicos faturou cerca de R$ 6,5 bilhões.
Segundo o Ministério da Agricultura, o país tem hoje 25,4 mil agricultores que cultivam frutas, legumes e verduras sem agrotóxicos. A professora de Nutrição da Ufes, Érica Madeira, destaca as vantagens dos orgânicos para a saúde. “Por exemplo, há a prevenção de várias doenças relacionadas diretamente com a alimentação, como diabetes, hipertensão arterial. E ainda doenças da parte óssea, depressão, ansiedade.”.
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