A alta dos preços dos insumos agrícolas e o período de estiagem no Espírito Santo impactam o cenário no setor agropecuário. Os insumos que mais subiram de preço foram os fertilizantes, uma alta registrada por alguns fatores, entre eles, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Entre janeiro e abril, o Brasil importou volume semelhante de fertilizantes em relação ao ano passado. Os gastos, porém, foram 147% superiores aos de 2021, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), totalizando cerca de US$ 6,5 bilhões.
Além da pandemia da Covid-19, outros motivos estão por trás da escalada de preços de insumos agrícolas, como o aumento da demanda mundial e os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.
A guerra trouxe oscilações significativas nos preços internacionais das principais commodities, já que os dois países têm relevância no mercado internacional de insumos agrícolas.
No Espírito Santo, produtores rurais têm sentido os impactos ao alimentar o gado. Junior Germano, gerente de uma fazenda em Anchieta, explica que a falta de chuva e o aumento dos insumos agrícolas afetaram a produção no campo. “Estamos passando por uma situação que há muitos anos não acontecia”, disse.
Na propriedade, que tem cerca de 600 animais entre bezerros e vacas em período de lactação, foi necessário comprar mais cana-de-açúcar para suplementar a alimentação dos animais. Além do problema com a falta de pastagem, muitos produtores têm sentido dificuldade para encontrar a silagem de milho.
Até mesmo quem produz a silagem de milho tem reclamado da alta dos preços. O cenário é de muita procura e pouca oferta, já que a silagem é um alimento essencial para a subsistência do gado. A alta dos insumos e dos defensivos agrícolas aumentaram os custos da produção agropecuária no Espírito Santo e em todo país.
Wallace Miranda é produtor e tem encontrado dificuldade em produzir a mesma quantidade de silagem que seria produzida em um período normal. “Está complicado trabalhar com o produto neste ano por conta dos insumos que subiram demais”, afirmou.
Apesar de ser um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, o Brasil depende do mercado internacional quando se fala em fertilizantes. O país é o maior importador de fertilizantes do mundo. De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), cerca de 85% dos fertilizantes usados na agricultura vem do exterior.
O comerciante de insumos e fertilizantes, Robkelle Pereira, sinaliza como um dos problemas a alta dependência do mercado externo e as volatilidades do mercado global de insumos.
“Os nossos produtos são importados e têm influência direta do dólar. Outro motivo nesses últimos meses foi a guerra na Ucrânia que está atrapalhando os insumos chegarem no país. Os russos, por exemplo, são os principais fornecedores de adubo ao Brasil”, disse o comerciante.
Com informações do repórter Mairon Hothon Torres
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