Cooperativas capixabas faturam R$ 50 milhões com exportação de pimentas e cravo-da-índia
Um grupo de produtores rurais do Espírito Santo foi convidado pela Suzano, maior fabricante de celulose do mundo e uma das maiores produtoras de papéis da América Latina, para conhecer de perto a primeira fazenda do Brasil a criar gado com balanço zero nas emissões de carbono utilizando o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O modelo utilizado pela Fazenda Santa Vergínia, no Mato Grosso do Sul, eleva a produtividade e reduz as emissões de gases de efeito estufa. O programa Agro Business também foi até lá e vai mostrar com detalhes sobre a presença dos capixabas na propriedade.
A Suzano reúne nesta semana produtores rurais do Espírito Santo e da Bahia, além de instituições de pesquisa para apresentar de forma técnica os benefícios da adoção do sistema ILPF nas propriedades, usando a modalidade de arrendamento de terra.
O caso de sucesso escolhido foi o da Fazenda Santa Vergínia. É a primeira fazenda do Brasil a ser reconhecida pela neutralização de gases emitidos pelo rebanho bovino. Do total da área de 30.769 hectares de área, 13.439 mil são destinados para o sistema ILPF silvipastoril, sendo que 1.200 hectares são certificados com o selo Carne de Carbono Neutro (CCN).
A neutralização ocorre pelo sequestro de carbono das árvores plantadas na área. José Zacarin, consultor técnico da propriedade, estima que o número de hectares de área integrada pode aumentar para 20 mil até 2026. Ele observa que existem muitos pontos positivos em adotar o sistema integração lavoura-pecuária-floresta nas propriedades.
Dentre eles, manter duas atividades financeiras na mesma área (florestal e pecuária), a neutralização de gases tóxicos e a elevação da qualidade da carne. “Quando o comprador adquire uma carne proveniente da Fazenda Santa Vergínia, ele sabe que ela foi produzida dentro de um padrão que atende o mercado internacional”, destacou.
Além disso, o gado se alimenta de um capim cultivado na sombra e mais nutritivo. Desta forma, os animais ganham peso de forma adequada quando são tratados com mais conforto. José Zacarin também acredita que, como as árvores são plantadas em formato de faixa, elas ganham mais luminosidade e crescem mais, garantindo, assim, mais benefícios para o gado.
No atual protocolo, só é considerada CCN a carne produzida no sistema ILPF em que a madeira das florestas plantadas é destinada à indústria moveleira. A expectativa na propriedade é de que haja uma mudança nos próximos dois anos na regra que permita a destinação à indústria de papel e celulose.
Zacarim conta que a propriedade recebe visitas de muitos pesquisadores e produtores rurais interessados em conhecer o modelo adotado em Mato Grosso do Sul. “Nós somos muito recíprocos com todas as empresas e as pessoas que nos procuram. A ideia é inspirar outros produtores a adotarem o mesmo método”, disse.
O especialista em Pesquisa e Desenvolvimento da Suzano, Alzemar José Veroneze, explica que a parceria entre a empresa de papel e celulose e os produtores rurais é vantajosa para ambas as partes.
Funciona da seguinte forma: os produtores destinam parte de suas propriedades para o cultivo de eucalipto. A Suzano cuida da plantação e o produtor fica responsável pela criação do gado e da agricultura, se for o caso. A área de eucalipto plantada beneficiaria a criação de gado, as lavouras e ajudaria a reduzir as emissões de metano e carbono na atmosfera.
“Apesar de a fazenda do Mato Grosso do Sul não utilizar o sistema de arrendamento, é um exemplo claro que é possível ter sucesso na mitigação de gases de efeito estufa com a integração entre lavoura-pecuária e floresta”, afirmou Alzemar.
Os benefícios são inúmeros. De acordo com Alzemar, é importante para o produtor por conta da diversificação da receita e complementação de renda com a opção de arrendamento de terras. Além disso, as áreas de sistema integrados trazem benefícios ambientais de qualidade do solo e mitigação dos gases de efeito estufa.
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