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Enio Bergoli foi anunciado pelo governador reeleito, Renato Casagrande (PSB), como o novo secretário de Estado da Agricultura. Ele assumiu a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) no dia 1° de janeiro, como consta no Diário Oficial. Em conversa exclusiva com a coluna Agro Business, Bergoli anunciou que será lançado um programa inédito para a cafeicultura capixaba no final de janeiro em parceria com diversas instituições. Outra medida é a criação da Subsecretaria de Agricultura Familiar, dentro da estrutura da Seag, bem como o lançamento da quarta versão do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag).
Agro Business: O que podemos esperar para os próximos anos na gestão da Seag?
Enio Bergoli: Será um governo de continuidade uma vez que o governador Renato Casagrande se reelegeu. Vamos avaliar todos os programas e projetos desenvolvidos até o momento. Primeiramente, já identificamos que os programas na área de infraestrutura devem ser ampliados e aprimorados, incluindo pavimentação de vias rurais, revestimento primário, barragens, galpões e calçamento rural.
Essa é a terceira vez que ocupo o cargo de secretário de Estado de Agricultura. Na minha avaliação, nós precisamos avançar na interlocução com o agronegócio. A Seag se fortaleceu nos últimos anos na parte de infraestrutura, mas precisamos avançar na interlocução com as diversas cadeias produtivas, ou seja, com os representantes de atividades agropecuárias, da pesca e da agricultura.
AB: Quais são as principais pautas para 2023?
EB: Nós já estamos promovendo uma estruturação do organograma da Secretaria de Agricultura. Eu já anunciei o subsecretário de Estado de Aquicultura, Pesca e Desenvolvimento Rural, Michel Tesch Simon. Também estamos discutindo a construção da quarta versão do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag).
Eu tive a oportunidade de coordenar, em 2003, o primeiro plano de desenvolvimento. Ele sofreu uma atualização em 2007 e 2015. No entanto, de 2015 até 2023 muitas coisas aconteceram e interferiram no agronegócio, inclusive o perfil de consumo da população. Não se trata apenas de matar a fome das pessoas, os consumidores passaram a adotar o conceito de sustentabilidade em suas ações.
No final de janeiro, o governo estadual e diversas instituições vão lançar em conjunto um grande programa na área da cafeicultura. Serão contemplados os conceitos contemporâneos da cafeicultura, considerada a principal atividade formadora de renda da população.
AB: Como irá funcionar este planejamento estratégico?
EB: Será um planejamento em que o estado terá as suas funções e atribuições, bem como irá ouvir as instituições que representam os agricultores e a iniciativa privada que efetivamente toca o dia a dia no campo. O setor público é regulador e planejador, mas quem toca o cotidiano no campo é o setor privado. Nós queremos fazer essa interlocução.
O setor público precisa interagir mais efetivamente com as diversas cadeias produtivas. O Espírito Santo é pequeno em área geográfica, mas é muito pujante. Os produtos capixabas (como o café, a pimenta, o mamão, entre outros) são enviados para todos os estados brasileiros e mais de 100 países.
A agricultura e a pecuária capixaba são conectadas com interfaces externas. O nosso plano vai considerar isso também, pois não basta o produtor apenas produzir. O mercado está cada vez mais exigente e a forma de tratar a alimentação passou a ser diferente.
AB: Um dos pontos mais discutidos nas eleições e nos debates com os candidatos ao governo estadual era a estruturação do Incaper. Quais são os planos para o Instituto, considerado um dos principais pontos de apoio do agro capixaba?
EB: Eu comecei a minha trajetória no Incaper em abril de 1986 no município de Dores do Rio Preto, no Caparaó. Estou prestes a completar 37 anos no serviço público e tenho um carinho especial com a instituição.
Está em andamento o concurso do Incaper para a contratação de profissionais em diversos cargos. Nós precisamos pegar esse contexto mais contemporâneo de profissionais e organizar as ações de assistência técnica e extensão rural para não ter sobreposições e custos desnecessários tendo em vista que nós temos várias organizações que representam o agro no Espírito Santo.
Para a pesquisa, assistência técnica e extensão rural, nós queremos lançar alguns editais para o desenvolvimento de projetos específicos. Na área de pesquisa, a ideia é interagir com as organizações que geram conhecimento no estado e fora dele visto que nós temos cadeias produtivas que têm interface no Brasil inteiro.
No Espírito Santo, nós temos mais de 20 institutos federais, a Ufes e todo contingente de professores e pesquisadores. Não podemos ter as organizações trabalhando de forma individual, precisamos interagir na geração de conhecimento para que os gargalos sejam efetivamente resolvidos.
Nós temos a convicção que a ciência e a tecnologia vão gerar emprego e renda no campo. A tecnologia é o principal fator de produção, ela que determina a competitividade do agricultor e o sucesso nas atividades de produção.
AB: Já foram anunciados os nomes que vão comandar as subsecretarias. O que podemos esperar do corpo técnico da Seag?
EB: Atualmente, nós temos três subsecretarias: agropecuária, de infraestrutura e a administrativa e financeira. Vamos trazer para a subsecretaria de Infraestrutura um engenheiro civil de carreira diretamente do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER). Quem vai assumir a subsecretaria administrativa e financeira será um auditor estadual de carreira, engenheiro e advogado.
Vamos anunciar mais detalhes em fevereiro, mas a grande novidade será a subsecretaria de Agricultura Familiar. Ela será criada devido a sua importância e porque cerca de 77% das propriedades capixabas são da agricultura familiar.
Vale destacar um dado importante do último censo: só 21% dos agricultores familiares declararam ter assistência técnica. Isso é um dos parâmetros dos desafios que vamos enfrentar. É um público que precisa de política pública compensatória para que realmente tenha condições de permanecer no mercado.
Com relação ao Incaper e ao Idaf, vamos anunciar nos próximos dias os diretores técnicos que conduzirão os órgãos tecnicamente. Já as presidências ainda estão sendo discutidas, mas certamente serão pessoas que vão representar e articular muito bem.
Um dos nomes confirmados para compor o time de subsecretários é o do Michel Tesch Simon. Em conversa com a coluna, Tesch apresentou quais serão as ações propostas para a subsecretaria. Confira:
Ele é servidor de carreira do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF-ES). Já atuou como subsecretário de Estado e assessor especial na Secretaria de Estado da Agricultura, consultor dos projetos de fruticultura do Sebrae/ES, instrutor do Senar e secretário municipal de Agricultura de Domingos Martins/ES.
AB: Quais serão as principais ações da subsecretaria?
Michel Tesch: É uma satisfação voltar a trabalhar com o secretário Enio. A nossa missão é revisitar o período no qual trabalhamos juntos e trazer mais entregas para a população. Na época, nós olhamos muito para dentro da porteira e agora precisamos pensar em um escala de negócio, bem como transferir conhecimento técnico e gerencial para reduzir riscos.
Um dos nossos pilares é transferir conhecimento e fazer com que ele chegue de forma efetiva nos produtores e nas novas gerações. Além do mais, estamos passando por uma mudança geracional que vai ser estratégica nesse processo.
Uma das ações é fazer com que os temas mais complexos e amplos – como a descarbonização, mercado de crédito de carbono e agricultura regenerativa – cheguem de forma fácil e aplicável aos produtores. Sobretudo para que ele entenda os caminhos que devem ser seguidos e como fazer para melhorar a permanência nos mercados. É importante lembrar que as medidas consideradas diferenciais podem se tornar pré-requisitos muito em breve.
AB: Qual será o papel da equipe técnica neste processo?
MT: É preciso olhar para a Secretaria de Agricultura como uma provedora de inteligência agropecuária, identificar como os mercados estão se comportando, quais mudanças precisam ser adotadas e quais são os prazos para elas acontecerem.
Nós estamos falando de profissionalismo, de técnica e de conhecimento que estão disponíveis. O que precisa ser feito é segmentar e dar apoio para a qualificação da equipe estadual. Os nossos profissionais são excelentes, mas precisamos criar mecanismos para que eles sejam fortalecidos ainda mais.
Além de reforçar a qualificação, é preciso dar oportunidades para que as informações cheguem com a melhor qualidade possível no campo. Tudo isso acoplado em um plano de comunicação, ainda mais porque ela é essencial e pode nos ajudar com as gerações mais antigas e mais novas.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória