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O caso de encefalopatia espongiforme bovina, conhecido como “vaca louca”, que era tratado como suspeito foi confirmado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Seguindo o protocolo sanitário, as exportações para a China estão temporariamente suspensas até que o caso seja investigado. Esta é a segunda vez em um ano e meio que as vendas de carne bovina ao país asiatico foram suspensas. Em 2021, foram registrados dois casos atípicos, em Minas Gerais e Mato Grosso. De acordo com o médico-veterinário do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Luiz Carlos Tavares, algumas medidas devem ser adotadas para evitar a doença. Uma delas é não alimentar o rebanho com ração que contenha proteína de origem animal.
A “vaca louca” atinge o sistema nervoso dos ruminantes, como bois, búfalos e cabras, provocando alterações no comportamento dos animais. O médico-veterinário do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Luiz Carlos Tavares, esclarece que se trata de uma doença que pode levar à morte dos animais e até mesmo acometer os humanos.
Além disso, Tavares acredita que o caso registrado no Pará é isolado. “O Brasil nunca registrou a doença pela alimentação dos bovinos. Quando são analisadas as variáveis desse caso, estima-se que é uma forma atípica porque era um animal com nove anos de idade, macho e que não recebia ração na alimentação. Além do mais, o país adota medidas de prevenção há anos”, explicou.
Qualquer alimento ou resíduo que contenha proteína de origem animal não pode ser usado na alimentação dos ruminantes. A proibição está prevista nas normas do Ministério para prevenir riscos sanitários aos animais e à saúde pública.
No Espírito Santo, o Idaf fiscaliza os alimentos que são fornecidos aos bovinos para evitar que produtos como cama de frango, farinha de carne, ossos triturados ou resíduos da criação de suínos sejam fornecidos. No decorrer deste ano estão previstas fiscalizações periódicas em propriedades rurais.
Além de não fornecer produtos com proteína animal aos bovinos, o Idaf aconselha que os produtores que tiverem conhecimento de propriedades e/ou estabelecimentos que atuam de forma irregular, é importante entrar em contato com os técnicos para que as fiscalizações aconteçam a fim de evitar a disseminação e a ocorrência da doença.
A especialista em Gestão Pecuária de Corte e Leite, Renata Erler, reforça a informação e complementa que é preciso ter consciência de que não é permitido o uso de nenhuma matéria-prima proveniente de proteína animal para bovinos. “Para este tipo de doença, a prevenção é a melhor ação. Basta ver como o caso de um animal confirmado afeta o país inteiro. Essa doença não tem cura e precisamos trabalhar para que ela não aconteça, principalmente em propriedades pequenas com recursos limitados”, explicou.
O caso que tomou grandes proporções é de um animal em uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará. Desde então, o Ministério vem adotando as providências para o mercado de carnes. Foi feito o comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e as amostras foram enviadas para o laboratório de referência da instituição em Alberta, no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico.
O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado.
O protocolo entre o Brasil e a China prevê a suspensão de carnes até que o resultado laboratorial seja realizado. Por enquanto, não tem prazo definido para a volta das exportações. O país chinês é o principal cliente de carne do Brasil, sendo que em 2022 comprou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina.
De setembro a dezembro de 2021, o Brasil registrou dois casos atípicos de vaca louca e, na época, a China suspendeu a compra de carne bovina do Brasil. Com isso, as exportações diminuíram e os efeitos foram sentidos em toda cadeia.
“É sempre uma grande preocupação e o momento é complicado para a pecuária. Em 2021, tivemos redução imediata de 20% no preço da arroba com a confirmação do caso, mesmo sendo atípico. E agora, já tivemos redução nos preços devido a virada do ciclo, e com a confirmação deste caso teremos um impacto negativo. No entanto, ficamos na torcida para que seja atípico e que as autoridades atuem com a rapidez e perícia que o caso exige”, explicou a especialista Erler.
Tudo começou no Reino Unido na década de 1980, mas foi na década seguinte que a doença se alastrou de forma mais intensa, atingindo rebanhos em vários países da Europa, como França, Espanha e Alemanha. A epidemia tornava os animais perigosos e muitas pessoas temiam ser contaminadas ao consumir, principalmente, produtos com carne processada.
A doença pode se manifestar de duas formas: a clássica e a atípica. Segundo Renata Erler, o caso clássico se manifesta quando o bovino consome alimento de origem animal contaminado, como farinhas de carne e ossos. Já no atípico a infecção ocorre pela mutação espontânea da proteína animal originando um príon, ou seja, uma partícula proteica infecciosa.
A forma clássica nunca foi detectada no Brasil. A atípica, no entanto, já foi diagnosticada em outros momentos, mas trata-se de uma doença que ocorre de forma natural e esporádica.
“O primeiro caso é uma zoonose. Estamos falando de uma encefalopatia espongiforme transmissível conhecida como uma variante de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) que não tem cura, degenera o sistema nervoso e é fatal. No caso atípico, a infecção pode ser do tipo L ou H. Atualmente é desconhecido se tecidos, além dos definidos para a clássica, possuem infectividade para as cepas L e H. Por isso, mais estudos de transmissão e análises de casos de campo do tipo atípico são necessários para avaliar se os materiais de risco específico já definidos são suficientes para garantir a proteção da saúde pública”, disse Renata.
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