Maio 2023
27
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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São Mateus foi uma das cidades litorâneas analisadas

O pesquisador e docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fernando Martins, explica que foram analisadas a ocorrência de variações extremas de temperatura ao longo dos últimos 40 anos nas regiões costeiras do Brasil.

A pesquisa, que teve início em 2020 e foi concluída em 2022, analisou cinco localidades litorâneas: São Luís (MA), Natal (RN), São Mateus (ES), Iguape (SP) e Rio Grande (RS).

Segundo Fernando Martins, um dos motivos que levaram à escolha de São Mateus para a pesquisa foi a disponibilidade de dados climáticos ao longo de um extenso período.

“O estudo se baseia em informações monitoradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia e disponibilizadas pelo Centro Europeu de Meteorologia, combinando os dados dessas duas instituições. Dessa forma, foi possível realizar uma análise abrangente das temperaturas extremas ao longo da costa brasileira”, explicou.

Em relação a São Mateus, o pesquisador observou um aumento significativo na ocorrência de temperaturas extremas, principalmente no que diz respeito às máximas. “Entre 1980 e 2000, a temperatura ultrapassou os 35 °C apenas oito vezes, mas a partir desse período, registramos 20 vezes com temperaturas acima desse limite”, revelou Martins.

Outra constatação preocupante refere-se às temperaturas mínimas. Na década de 80, os termômetros marcavam cerca de 12 graus, porém, atualmente, esse valor situa-se entre 13,5 e 14 graus.

O estudo indicou São Mateus como a cidade com a maior variação de eventos extremos, abrangendo a frequência e a amplitude térmica tanto para as temperaturas máximas quanto mínimas.

“Ao longo do período analisado, a frequência desses eventos aumentou consideravelmente. Embora as cidades do nordeste do país não tenham apresentado variações nas temperaturas máximas, eventos semelhantes foram observados nas localidades litorâneas de São Paulo”, concluiu o pesquisador.

Produtores rurais registram prejuízos nas lavouras com as mudanças climáticas

O produtor de pimenta e café da região de Córrego Grande, Arlindo Moreira Ferreira, tem percebido os efeitos das mudanças climáticas em suas plantações. No final do ano passado, fortes chuvas atingiram a região, resultando na perda de aproximadamente 70% dos quatro mil pés de pimenta cultivados.

Arlindo explicou que as chuvas intensas ocorreram após um período de estiagem de três a quatro meses, o que levou ao encharcamento do solo.

“O lençol freático subiu consideravelmente, causando o alagamento das áreas de cultivo e causou a morte das plantas, especialmente das plantações de pimenta. A pimenta-do-reino é uma cultura frágil em relação ao excesso de água, pois a falta de oxigênio nas raízes prejudica o seu desenvolvimento”, explicou o produtor.

Atualmente, está realizando uma colheita limitada do que restou das plantações, mas em uma escala significativamente menor do que o esperado. Diante das perdas, os produtores da região precisaram buscar alternativas, como o cultivo de quiabo, para compensar parte das perdas financeiras.

Arlindo destacou a ocorrência de variações extremas de temperatura em São Mateus. “No dia 1º de maio testemunhei um fenômeno incomum de queda de granizo, algo que nunca havia ocorrido antes na região”.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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