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Apesar de ser feita a partir de uma árvore nativa da Amazônia, chamada de seringueira, a cultura da borracha natural tem desempenhado um papel fundamental na vida de produtores, pesquisadores e cooperativas. O Espírito Santo ocupa o 4º lugar na produção de seringueiras do Brasil e o município de Guarapari tem visto um crescimento significativo na produção de borracha, proporcionando fonte de renda para diversas famílias. No entanto, a heveicultura enfrenta desafios, incluindo problemas relacionados a doenças e oscilações de preço.
A praga conhecida como percevejo de renda tem afetado diretamente os produtores, pois reduz em 30% a produção de látex, em 30% o crescimento das árvores e em 45% o diâmetro do colo da planta.
O percevejo de renda foi constatado pela primeira vez em São Paulo no município de Buritama. São Paulo é o maior polo de produção e detém 67% das 200 mil toneladas fabricadas por ano no país.
Com ciclo de vida superior a 40 dias, o inseto tem hábito de permanecer na parte inferior das folhas sugando a seiva, o que provoca a queda precoce das folhas da seringueira e, consequentemente, reduz a produção.
Há mais de 50 anos, a família de Marcos Wandekoken plantou as primeiras mudas em Arraial do Jabuti, em Guarapari. Em 30 hectares, o produtor tem mais de 7 mil pés de seringueiras.
“Apesar da borracha ser a principal fonte de renda da minha família, também temos outras atividades agrícolas, como cacau, gado e palmito pupunha”, explicou.
A introdução da cultura da seringueira no Espírito Santo no início da década de 1960 quebrou a crença de que a planta só se desenvolvia na região amazônica. Desde então, pesquisas têm sido realizadas para atendimento ao setor.
A produção de borracha no Espírito Santo ocorre durante todo o ano, com as árvores sendo sangradas a cada três ou quatro dias. A seiva é coletada e enviada mensalmente para uma indústria pneumática, onde é transformada em diversos produtos.
No entanto, a heveicultura enfrenta desafios, incluindo problemas relacionados a doenças e oscilações de preço. A praga conhecida como percevejo de renda tem afetado diretamente os produtores, pois suga a seiva das folhas.
Durante o auge da pandemia em 2020, a paralisação das montadoras de veículos e as indústrias de pneus ficaram paralisadas e operaram com capacidade reduzida, o que levou o governo a zerar o imposto de importação desses produtos.
De acordo com o diretor da Associação dos Heveicultores do Espírito Santo (Hevea), Pedro Inácio, a medida inicialmente adotada por seis meses continua em vigor até hoje, prejudicando os produtores locais.
“A importação de borracha natural de outros países a preços inferiores aos transmitidos no Brasil tem afetado o setor. Com o excesso de pneus importados, a indústria nacional não está comprando a borracha produzida no país”, explicou.
“Essas dificuldades têm desanimado os produtores, considerando a complexidade do trabalho envolvido no cultivo da seringueira, que requer técnicas específicas. A árvore leva cerca de oito a dez anos para começar a ser sangrada, dependendo das condições do terreno”.
Embora o Brasil seja um centro de origem em diversidade e genética da seringueira, o país representa apenas 1,4% da produção mundial de borracha natural, enquanto a Ásia, liderada pela Indonésia, responde por 91%. A produção brasileira não é suficiente para suprir a demanda interna, gerada na importação da maior parte do produto utilizado no país.
“A cultura da borracha no Espírito Santo é de extrema importância para muitas famílias, especialmente para os pequenos produtores e a agricultura familiar. Além de ser matéria-prima para produtos como camisinhas e tubos de produção, a borracha atende a aproximadamente 40 mil itens de fabricação, deixando uma margem de lucro considerável para os produtores. A expansão desse setor é crucial para sustentar a economia local e garantir o desenvolvimento sustentável da região”, conclui Pedro Inácio.
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