Em meio a desafios, heveicultura impulsiona economia do Espírito Santo
O uso de terrenos ou espaços ociosos em áreas urbanas para produzir e fornecer hortaliças para o consumo de escolas e famílias, bem como melhorar a qualidade da alimentação da comunidade são algumas das vantagens da implantação de hortas nas cidades. Essa tendência está ficando crescente e a descoberta que, em vez de serem cultivadas em campos distantes, algumas culturas estão prosperando em terraços de prédios. Como no caso dos empreendedores Thiago Fernandes Galvão e Cristiane Oliveira que se aventuram na agricultura urbana ao adotar o sistema de hidroponia no cultivo de alface.
“A hidroponia é um sistema de cultivo de plantas que não requer o uso de solo, onde as raízes das plantas são alimentadas por soluções fertilizantes adicionadas à água”, explicou Thiago Fernandes.
Esse método oferece diversas vantagens, como ocupar menos espaço, ter controle climático em estufa para produção durante todo o ano e melhorar a qualidade dos produtos, uma vez que os nutrientes são equilibrados e controlados.
Embora a hidroponia exija energia elétrica ou sistemas semelhantes, ela se torna uma alternativa viável quando o solo não é mais adequado para o cultivo. Apesar de ter um custo um pouco mais elevado, a hidroponia oferece uma solução eficiente para a produção de alimentos em áreas urbanas ou com limitação de solo.
A ideia de criar uma horta na cidade surgiu quando o casal enfrentou dificuldades com infiltrações em sua laje. Pensando em uma solução e em uma fonte de renda extra no pós-pandemia, eles decidiram ampliar a horta que já cultivavam para consumo próprio em casa. Assim nasceu a horta “Morada Feliz”.
No entanto, esse empreendimento continuou aprendizado e persistência. Após diversas tentativas e erros, finalmente obtiveram sucesso. Há quase um ano, eles cultivam alface crespa roxa e verde e sua produção continua a crescer.
“Começamos com cerca de 300 pés para ver se daria certo. Essa primeira plantação foi doada para as pessoas experimentarem, e hoje temos a capacidade de produzir 800 pés por mês”, disse Thiago.
Em São Pedro, em Vitória, eles fornecem alimentos de qualidade e livres de agrotóxicos para a comunidade local. “Um pé de alface cultivado aqui tem praticamente 99% de aproveitamento, ao contrário de um pé de alface que chega à comunidade de outras regiões devido ao trajeto. Portanto, para aqueles que consomem produtos hidropônicos e livres de agrotóxicos, era necessário se deslocar para outro bairro. É por isso que identificamos a oportunidade de fornecer produtos de qualidade para a comunidade livres de agrotóxicos e pesticidas”, destacou Cristiane.
Além dos benefícios ambientais, como a economia de água, a horta urbana chama a atenção pelo uso de materiais reutilizados. Segundo o casal, essa abordagem ajudou a reduzir consideravelmente os custos de construção da estrutura da horta. Em vez de investir um valor quatro vezes maior, eles gastaram apenas R$ 17 mil para montar a horta sustentável.
“A maioria das coisas foi reutilizada, como paletes e canos de obras. Ao empreender, geralmente enfrentamos dificuldades devido à falta de capital e incentivo. Por isso, utilizamos os materiais que tínhamos disponíveis e montamos nossa horta com um custo baixo, produtos oferecidos de qualidade para as pessoas”, explica Cristiane.
A história das hortas urbanas em Vitória não para por aí. Leonardo Zanetti, biólogo e agricultor, transformou o terraço da casa de seus pais em uma estufa urbana para o cultivo de tomates e uvas. Com 250 pés de tomate plantados, Leonardo pretende colher cerca de 1.200 quilos de fruta entre junho e dezembro.
No entanto, cultivar alimentos requer conhecimento e dedicação. Leonardo destaca a importância de equilibrar a nutrição das plantas, realizando monitoramentos diários e ajustando as fórmulas de nutrientes conforme necessário. Ele manteve a estrutura da estufa com a ajuda de seu pai e vende diretamente para os consumidores, utilizando a internet como uma ferramenta poderosa para expandir seus negócios.
“A venda é direta para o consumidor final, sem intermediários. Vendemos para amigos e construímos uma rede através da internet. Dessa forma, conseguimos escoar toda a nossa produção. Entregamos os tomates semanalmente e, às vezes, temos até lista de espera”, revela.
O cultivo de tomates requer uma atenção especial, com amarrações constantes, já que as plantas podem atingir até 15 metros de altura. Leonardo explica que utiliza o sistema de carrossel holandês, conduzindo as plantas em duas hastes e amarrando-as conforme necessário.
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