Ago 2023
6
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Produtores relatam prejuízos nas lavouras

Embora os ácaros sejam mais comuns durante os meses quentes e secos, neste ano, mesmo durante o inverno, a incidência da praga está sendo excepcionalmente alta nas lavouras, exigindo investimentos para o controle.

Um dos produtores atingidos pelos ácaros é Werlei Lorencine, de Sooretama, no norte do estado, que relata a dificuldade em controlar a praga.

“Após dificuldades, agora estou conseguindo controlar. Talvez a chuva dos últimos dias tenha ajudado um pouco, além da pulverização duas vezes por semana para o controle. De 10 mil pés de mamão, cerca de 30% das plantas já foram danificadas”, explicou Lorencine.

O Espírito Santo é um dos principais produtores e exportadores de mamão, sendo que os municípios mais destacados são Pinheiros, Pedro Canário e Linhares. No entanto, a exportação para a União Europeia e os Estados Unidos demanda produtos de alta qualidade, sem resíduos químicos não autorizados ou acima dos limites permitidos.

José Roberto Macedo Fontes, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), também expressa preocupação.

“Estamos percebendo há alguns meses a redução do volume e da oferta do mamão ao mercado. A principal preocupação é a redução do volume porque pode ter resíduos de defensivos nesses frutos que nos impede de exportá-los. Exportar um mamão hoje com resíduos químicos não autorizados ou acima do limite máximo permitido no mercado internacional, é um risco muito alto”, explicou.

A safra do mamão ocorre de maio a outubro no Espírito Santo, e durante esse período, diversas variedades da fruta são cultivadas, com destaque para o mamão papaya e o formosa. No entanto, o plantio requer atenção especial aos cuidados com o controle de pragas e doenças.

Renan Queiroz, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), destaca a presença dos principais ácaros que causam prejuízos na cultura do mamão.

“O ácaro branco reduz a produção e compromete o rendimento esperado. Já o ácaro rajado, de maior tamanho, tem preferência por folhas mais velhas, causando raspagens na parte inferior, levando à necrose e queda das folhas, o que resulta em perda de área fotossintética e, consequentemente, de produção”, explicou.

Segundo ele, em 2021 começou a ser observado um fenômeno inédito em que o ácaro rajado mudou de coloração para vermelho e passou a atacar folhas jovens, uma peculiaridade que tem intrigado os pesquisadores, que buscam entender as motivações desse comportamento.

“Portanto, o monitoramento constante e o controle efetivo são essenciais para enfrentar esse desafio. Novas opções de combate à praga têm se mostrado promissoras no Brasil, e os produtores devem estar atentos ao foco inicial do ataque, para que possam agir rapidamente. O uso de acaricidas e produtos biológicos à base de fungos têm sido recomendados para combater a praga e preservar a produção”, concluiu o pesquisador.

A Brapex também ressalta a importância de precaução para evitar que os ácaros desenvolvam resistência aos produtos utilizados pelos agricultores. “Existe a necessidade de um monitoramento constante para evitar sérios problemas, já que os ácaros possuem um ciclo de multiplicação rápido e demonstram resistência a alguns princípios ativos de produtos químicos”, finalizou o diretor-executivo, José Roberto Fontes.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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