Em um cenário global cada vez mais voltado para a sustentabilidade, empresas atuantes no agronegócio destacam a importância da mudança da matriz energética brasileira e defendem o uso de biocombustíveis como uma maneira de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e melhorar a eficiência energética. Na 4ª edição do AgroForum do BTG Pactual, especialistas e CEOs de empresas do setor discutiram o papel dos biocombustíveis na transformação da matriz energética brasileira. Para Luiz Dumoncel, CEO da 3tentos, empresa que atua em três pilares do agronegócio, a transição para fontes renováveis de energia é uma tendência inevitável, e o Brasil possui um potencial significativo para liderar essa mudança.
Atualmente, apenas 25% dos combustíveis consumidos no país provêm de fontes renováveis, mas o Brasil está bem posicionado para se tornar um líder global em energia verde. Um exemplo desse movimento é o diesel verde, um biocombustível que tem ganhado destaque.
Para Luiz Dumoncel, CEO da 3Tentos, os biocombustíveis têm um papel fundamental na transição energética. “Tudo começa pelo produtor, que se dedica cada vez mais para alcançar uma produção de maior qualidade e rentabilidade. Isso nos abre portas para a fabricação de diversos biocombustíveis, como o etanol de cana, etanol de milho ou mesmo o biocombustível, feito a partir do óleo de soja ou gordura animal. Os benefícios se estendem tanto para o mercado agrícola quanto para as áreas urbanas”, explicou Dumoncel.
Dumoncel ressalta que é preciso ter em mente que essa transformação não será instantânea, e sim um desafio de longo prazo.
“Na transição energética em curso, é inegável o papel preponderante desempenhado pela agricultura. Reconhecer os biocombustíveis como os principais protagonistas nesse processo é essencial. Através dessa mudança gradual, podemos reduzir gradualmente a dependência do diesel fóssil, abrindo espaço para um combustível renovável e ecologicamente mais limpo”, disse.
Diferentemente de outros biocombustíveis, o diesel verde não exige misturas com combustíveis fósseis. Ele é produzido a partir de matérias-primas renováveis, como o óleo de palma, e é considerado o terceiro biocombustível mais utilizado em todo o mundo. A grande vantagem desse combustível é a sua eficácia na redução das emissões de gases poluentes.
Um setor que pode se beneficiar é o da aviação, que ainda carece de alternativas sustentáveis. O uso de biocombustíveis, especialmente o Sustainable Aviation Fuel (SAF), pode ser uma das saídas mais rápidas para reduzir as emissões de CO2 provenientes desse setor. O objetivo é reduzir as emissões em 50% até 2050.
A aviação é responsável por cerca de 3% das emissões globais de dióxido de carbono, e o Brasil consome cerca de 17 bilhões de litros de querosene de aviação por ano, gerando aproximadamente 10 milhões de toneladas de CO2.
Rafael Abud, CEO da FS Bio, também compartilha a visão de que o Brasil tem um papel central na produção de biocombustíveis, aproveitando sua vasta produção de matérias-primas como cana-de-açúcar, milho e soja. Ele ressalta que a consolidação do etanol e do biodiesel é apenas o começo, com biocombustíveis avançados ganhando espaço, incluindo opções para aviação e transporte marítimo.
“O etanol e o biodiesel estão consolidados e agora temos o advento de biocombustíveis avançados, onde vamos produzir biocombustíveis para aviação, para utilização marítima e outras aplicações no mundo todo. O produtor rural já é parte desse processo porque tudo começa por ele ao fornecer matéria-prima para produção dos biocombustíveis”, explicou Abud.
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