Colatina é reconhecida como uma das cidades mais quentes do Espírito Santo. No entanto, a cerca de 40 quilômetros do centro da cidade fica a “Suíça Colatinense”. São Pedro Frio é uma alternativa de passeio na Rota Turística do Mirante de São Pedro Frio. O distrito tem uma temperatura bem mais amena e propícia para o cultivo de morangos. Enquanto a região é tradicionalmente voltada para o cultivo de café, banana e milho, um projeto do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem incentivado a diversificação agrícola, estimulando produtores rurais a aderirem ao cultivo de morangos e a colher novas fontes de renda.
O Espírito Santo possui uma área plantada de aproximadamente 300 hectares de morangueiro, com uma produção em torno de 15.000 toneladas de frutas, concentrada nos municípios de Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Santa Maria de Jetibá e Afonso Cláudio, considerados como a região do Polo de Morango no estado.
O projeto, coordenado pela engenheira agrônoma Andrea Costa, tem como objetivo promover o cultivo de morangos em áreas onde a cultura ainda não é predominante.
A iniciativa começou inicialmente na região serrana, mas ao longo do tempo, expandiu-se para outras localidades, incluindo municípios de clima quente e não convencional, como Linhares e até mesmo Colatina.
As ações do projeto envolvem diversas etapas, desde capacitações até dias de campo, visando a transferência de tecnologia e conhecimento. O foco é capacitar agricultores, principalmente mulheres, para o cultivo adequado de morangos e seu subsequente processamento.
O treinamento inclui o manejo correto no campo, estratégias de combate a pragas e doenças, e também a utilização eficiente de técnicas de processamento, incluindo a produção de subprodutos a partir das frutas.
A escolha entre cultivo em estufa ou no solo depende das condições locais e dos objetivos dos agricultores. Nas estufas, o manejo é mais controlado e a colheita pode ocorrer durante todo o ano, enquanto no solo, a sazonalidade influencia o ciclo da cultura. O projeto proporcionou a implementação de estufas em diversas localidades, como Guaçuí, Venda Nova do Imigrante, Conceição do Castelo e Santa Maria de Jetibá.
Mais de 200 produtores já foram beneficiados com as capacitações, que incluem não apenas agricultores, mas também técnicos e estudantes. O projeto busca, além de expandir a cultura do morango, diversificar as fontes de renda dos agricultores familiares, proporcionando-lhes oportunidades financeiras mais estáveis.
A região de Linhares e Colatina também está inserida nesse contexto de expansão, com planos de implementação futura de estufas.
“Em Colatina, já se observa um aumento de interesse e participação de agricultores, onde mulheres agricultoras estão plantando morangos sob a orientação do projeto. A escolha da época certa para o plantio é crucial, visto que a cultura do morango pode dar frutos em cerca de 60 dias após o plantio, proporcionando um ciclo rápido e oportunidades de colheita ao longo do ano”, explicou Andrea.
Na propriedade do produtor rural Braz Bolsoni, o projeto iniciado no ano passado, algumas variedades de morango estão sendo testadas para verificar as que se adaptam melhor à região.
“Temos variedades em teste em produção, o que produzimos vamos analisando as variedades para saber o que vai ser viável plantar”, destacou. Braz revela que está no planejamento expandir o cultivo em estufas hidropônicas para viabilizar a colheita comercial.
O cultivo de morangos em São Pedro Frio ganhou espaço devido à sua altitude e temperatura mais amena, ideais para o florescimento dessa fruta. O projeto do Incaper trouxe o conhecimento necessário para que os produtores locais se adaptassem à nova cultura, enfrentando desafios como a mudança de rotina e a atenção exigida pelo cultivo.
Quem optou pelo cultivo também foi a produtora Sueli Gomes. No início, ela admitiu ter ficado hesitante, afinal, a mudança de culturas agrícolas representava um desafio significativo. No entanto, o cultivo tem trazido resultados positivos.
A variedade de mudas e técnicas tem sido uma área de experimentação e aprendizado constante, parte dele veio por meio de capacitações promovidas pelo Incaper. “As capacitações são enriquecedoras e oferecidas com o intuito de aprimorar os nossos conhecimentos e fornecer ferramentas práticas para melhorar a produtividade e sustentabilidade das plantações”, disse Gomes.
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