Empresas de laticínios fecham acordo na COP 28 para reduzir as emissões de metano
O Espírito Santo está em estado de alerta devido à prolongada estiagem e à escassez de água. Segundo estimativa da cooperativa de café conilon, Cooabriel, as altas temperaturas podem resultar em uma quebra de safra de conilon, variando entre 15% e 25%, sobretudo nas regiões norte e noroeste do Espírito Santo. O presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, acredita que as atuais condições das lavouras podem levar a uma redução na produtividade para 2024.
A agricultura enfrenta uma das maiores preocupações com a qualidade dos produtos, uma vez que a onda de calor pode impactar negativamente o cultivo e o desenvolvimento das plantas. Nos últimos meses, diversas regiões do país, incluindo o Espírito Santo, registraram alerta vermelho de onda de calor, com temperaturas 5°C acima da média.
Segundo a Cooabriel e engenheiros agrônomos consultados pela coluna, as perdas nas lavouras podem ultrapassar 25% devido às altas temperaturas.
“Embora ainda seja precoce mensurar índices para a quebra da produção, no momento é possível considerar perdas entre 15% e 25%. Contudo, é importante frisar que esses percentuais poderão sofrer variações, em face das particularidades de cada região e, até mesmo, em função de condições climáticas futuras, que ainda não podem ser antevistas, mas devem ser consideradas”, explicou Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel.
Bastianello acrescenta que as condições atuais das lavouras de conilon no norte e noroeste do estado, região de extrema relevância no cultivo da variedade, levam à sugestão de uma diminuição de produtividade para 2024.
Na visão do engenheiro agrônomo Otacílio Costa o município de Nova Venécia já registrou uma perda em torno de 20%.
“Além disso, notamos claramente que, conforme a orientação do plantio, as plantas mais expostas ao sol da tarde têm enfrentado desafios adicionais. Essa situação acentua ainda mais as perdas. De maneira semelhante, observamos as mesmas condições em Jaguaré e Boa Esperança. Importante ressaltar que as variações nos impactos são evidentes, algumas lavouras sofrendo menos, outras mais, sendo este último cenário agravado pela escassez de recursos hídricos em algumas propriedades”, explicou Costa.
Como é o caso do cafeicultor João Guilherme Schimith, de Governador Lindenberg. Nos últimos meses, ele tem vivenciado as consequências das altas temperaturas e destaca os prejuízos significativos causados pelo estresse das plantas devido à estiagem prolongada e ao calor excessivo.
“Há dois meses enfrentamos uma estiagem fora do comum. Neste período do ano, já seria esperado um volume de chuva considerável. Embora a paisagem permaneça verde, a intensidade do sol e a ausência de precipitação têm gerado estresse nas plantas, resultando, consequentemente, em prejuízos para nós, produtores. Nesse último mês o pico de calor aliado à escassez de água, tem ocasionado o abortamento das plantas, o que contribui para o surgimento de pragas e doenças na cafeicultura”, explicou o cafeicultor.
Schimith compara a situação deste ano com a de 2022, quando, no mesmo período, o principal desafio estava relacionado ao excesso de chuvas, causando danos ao plantio de melancias em sua propriedade. Agora, em 2023, enfrentando o extremo calor, ele estima uma perda considerável de até 30% em suas plantações de café.
Com as temperaturas elevadas, produtores e engenheiros agrônomos observam o aumento do surgimento de pragas e doenças, como cochonilha, ácaro vermelho e bicho-mineiro.
“A exposição do sol torna os frutos vulneráveis, podendo resultar em queimaduras e, consequentemente, no aborto natural das plantas. Além disso, observamos a incidência crescente de pragas e doenças no campo, como a cochonilha-da-roseta do café conilon, o ácaro vermelho e, mais recentemente, começaram a surgir casos de bicho-mineiro”, enfatizou o engenheiro agrônomo Perseu Fernando Perdoná.
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