Dez 2023
31
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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porStefany Sampaio

Boas práticas agrícolas tornam a cafeicultura mais sustentável

Ricardo Victório, ao se aposentar, não imaginava que se tornaria um cafeicultor junto com sua família. O que começou como um sonho de ter um espaço familiar se transformou em um negócio sustentável envolvendo seus dois filhos, Larissa e Gustavo.

A mudança para a agricultura familiar no Espírito Santo foi motivada pela paixão pelo Caparaó capixaba e pela beleza da região, aliada à oportunidade de explorar a cafeicultura sustentável. “Sempre gostei de natureza e de morar em sítio. Somos do Rio de Janeiro, e o que mais me chamou atenção foi a beleza do Caparaó do Espírito Santo, a região, essa experiência com o café e também estar aos pés da serra do Caparaó, isso é uma oportunidade que não poderíamos deixar passar”, disse Gustavo Victório, filho do cafeicultor.

O café arábica produzido na Região do Caparaó conquistou em 2021 o registro inédito de Indicação Geográfica (IG) na categoria de Denominação de Origem (DO) concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O registro inédito do café do Caparaó comprova que o café arábica foi produzido na região, além de outros quesitos como a qualidade do café, o modo de produção familiar, a produção em sintonia com o meio ambiente, entre outras legislações definidas para a conquista da Indicação Geográfica.

Os cafés especiais produzidos não apenas se destacam pela qualidade diferenciada, mas também incorporam práticas sustentáveis, respeitando o meio ambiente e atendendo a diversos requisitos técnicos. Agora, a produção pode contar com um aliado adicional: o carbono neutro.

O cafeicultor Gustavo Victório explica: “Aqui trabalhamos com café carbono neutro. Estamos começando os trabalhos e imaginamos que nossa produção seja até carbono negativo. Nós mudamos inclusive a composição de produtos que utilizamos no café para trabalhar a sustentabilidade na nossa cafeicultura”, explicou.

Com sua biodiversidade única, o Brasil tem o potencial de liderar as agendas verdes, tornando sua agropecuária ainda mais sustentável. Um estudo recente do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) tem o objetivo de estimar o balanço de carbono na cafeicultura de Minas Gerais. O projeto aferiu a liberação e o sequestro de gases de efeito estufa (GEE) nas três principais regiões produtoras de café.

Mas ainda é necessário entender o mercado e conceitos. No carbono neutro, o sistema é considerado dessa forma quando as emissões de carbono geradas são equilibradas pela remoção equivalente de carbono. Isso significa que, ao longo da produção de café, as emissões de carbono resultantes das atividades agrícolas são compensadas por práticas que removem ou reduzem a mesma quantidade de carbono, como o plantio de árvores e uso de energias renováveis.

Já o carbono negativo é quando remove mais carbono da atmosfera do que emite, resultando em uma redução das concentrações de CO2 na atmosfera. Isso implica que a cafeicultura não apenas compensa suas emissões de carbono, mas vai além, removendo uma quantidade adicional de carbono. Pode envolver práticas como reflorestamento, captura de carbono no solo e outras iniciativas de sequestro de carbono.

Agricultura orgânica, manejo eficiente do solo, uso de energias renováveis, gestão eficiente dos resíduos e o uso de produtos sustentáveis são características que contribuem para a redução das emissões de carbono na cafeicultura.

Gustavo explica que na propriedade não é utilizado maquinários na colheita do café. “Aqui a produção é manual, não utilizamos maquinário para colheita, também não utilizamos fertilizante sintético e trabalhamos com produtos que são amigos do meio ambiente. Todos esses fatores favorecem a diminuição das emissões de carbono, e ainda temos energia solar em nossa propriedade, o que contribui para a neutralização ou até mesmo mais sequestro de carbono”, disse.

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