Cinco empresas do agronegócio com atuação no Espírito Santo para acompanhar em 2024
O Espírito Santo tem papel de destaque na produção e exportação de café solúvel. Com a instalação de novas indústrias em Linhares, na região norte, o estado pode se tornar o maior exportador do país, já que é o maior produtor de conilon do Brasil, base para a fabricação do café solúvel. O principal foco dessas indústrias é a exportação, mas o setor está de olho também no mercado interno, já que o consumo de café solúvel no Brasil cresceu 5,2% em 2023. Os brasileiros consumiram o volume recorde de 24,2 mil toneladas, o equivalente a 1,05 milhão de sacas. Esse é o oitavo ano consecutivo em que o consumo avança no país. Enquanto isso, as exportações do segmento apresentaram um aumento mais discreto, de 0,4%, chegando a 86,5 mil toneladas.
O principal motivo apontado pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) para o crescimento contínuo no consumo de café solúvel no Brasil reflete nos investimentos realizados pelas indústrias do setor, que ampliaram o portfólio de produtos.
Outros fatores são as ações de promoção realizadas pela ApexBrasil com o projeto “Cria e Curta”; a implantação do protocolo de análise sensorial em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL); os cursos de formação de especialistas na aplicação dessa metodologia, denominados “IC Grader”.
Além disso, a campanha nas redes sociais “Descubra Café Solúvel”, que proporciona maior percepção das qualidades e da versatilidade do produto pelos consumidores brasileiros.
No país, a produção do café solúvel está concentrada em sete grandes empresas – Nestlé, Café Iguaçu, Cacique, Campinho, Real Café, Cocam e Olam Food Ingredients (OFI). No Espírito Santo, a primeira fábrica instalada, a RealCafé, que fica em Viana, na Grande Vitória, atua há anos no mercado e por muito tempo foi a única no estado no ramo.
Em 1971, antecipando uma tendência de consumo de café na Europa e EUA, a Realcafé inaugurou uma vertical para produzir o café do tipo solúvel. Além disso, passou a comprar 100% do café conilon produzido no nosso estado, na época, o equivalente a 100 mil sacas de café.
Na safra 2022, o Espírito Santo produziu 12,4 milhões de sacas de café conilon, sendo o maior produtor de conilon do país, principal matéria-prima para a fabricação do solúvel. Com as duas novas fábricas instaladas em Linhares, norte do estado, a perspectiva é que em breve se torne o maior polo de exportação de café solúvel do mundo.
“O Espírito Santo se destaca por produzir tanto arábica quanto conilon. A capacidade de atender às demandas das indústrias locais é amplificada pela posição estratégica do estado, com benefícios relacionados a portos e isenção de ICMS. Ao comprar café diretamente no estado, as empresas ficam isentas do recolhimento do ICMS, gerando um fluxo de caixa mais equitativo. A escolha de se instalar em estados que produzem a matéria-prima revela-se uma vantagem adicional para o Espírito Santo”, destacou Aguinaldo José de Lima, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
Lima complementa que esse suporte das empresas de café solúvel é fundamental para atender às demandas do segmento e para manter a liderança do Brasil no mercado mundial, inclusive nas exportações, abrangendo mais de 98 países. “O forte crescimento no mercado interno, impulsionado por melhorias na qualidade e na diversidade de produtos, resultou em um notável aumento de 5,3% no ano passado em relação ao ano anterior”, explicou Aguinaldo Lima.
Em 2021, a Café Cacique começou a operar em Linhares com capacidade de produção de 12 mil toneladas de café solúvel por ano. Com um investimento de US$ 60 milhões no estado, a empresa fundada no Paraná é considerada até hoje uma das maiores indústrias de produção de café solúvel do mundo.
Já a Olam Food Ingredients (OFI) está em estágio inicial em Linhares e investiu R$ 1 bilhão para a construção de uma fábrica. Presente em 60 países, a empresa ocupa uma área de 300 mil metros quadrados e tem como meta adquirir aproximadamente 600 mil sacas de café em grão por ano de cafeicultores locais.
O café é a matéria-prima que é a base de produção da empresa, que processa e exporta produtos a diversos países, com destaque para Estados Unidos, Rússia e Polônia. Antes da construção da fábrica em Linhares, a empresa de Cingapura implantou dois empreendimentos no território capixaba. Um deles no município de Nova Venécia, que opera desde 2011, e outro na cidade de Muniz Freire, desde 2018.
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