Fev 2024
21
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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NetZero vai inaugurar planta em Brejetuba em maio

Em Brejetuba, no Espírito Santo, a NetZero vai inaugurar uma fábrica de biochar em maio deste ano. O biochar atua como um condicionador de solo, agindo como uma “esponja de carbono” que melhora a retenção de água e nutrientes nas terras agrícolas, ao mesmo tempo em que contribui para a redução das emissões de carbono e o combate às mudanças climáticas.

Com uma capacidade de produção anual de mais de 4.000 toneladas de biochar, a fábrica de Brejetuba terá o potencial de remover mais de 6.000 toneladas de CO2 equivalente da atmosfera anualmente, além de reduzir as emissões ligadas ao uso de fertilizantes químicos. Uma fábrica está em operação em Lajinha (MG) e outra começará a ser construída em abril deste ano, em Machado (MG), na sequência do planejamento estratégico para trazer escala ao biochar como uma solução climática e agrícola.

A escolha estratégica de Brejetuba, localizada a uma curta distância da fábrica de Lajinha (MG), reflete a visão da empresa de capitalizar a proximidade para facilitar a pesquisa e o desenvolvimento, promover interações tecnológicas e fortalecer a cooperação com parceiros locais, como a cooperativa Coocafé. Essa estratégia visa atrair rapidamente novos cafeicultores.

Com uma visão de longo prazo, a NetZero planeja expandir suas operações globalmente, com o objetivo de estabelecer 700 plantas de produção de biochar até 2039. O Espírito Santo poderá receber entre 50 a 60 dessas plantas, seguindo o modelo de negócios de investimentos previsto por planta de R$ 20 milhões. Isso representa um investimento total de R$ 14 bilhões nos próximos 15 anos na implementação de novas indústrias.

As fábricas da NetZero recolhem as cascas de café de produtores associados e as utilizam como matéria-prima. Em troca, o cafeicultor recebe parte do biochar que é feito a partir de suas cascas de café e compra o restante próximo ao preço de custo.

De acordo com o executivo, o biochar ainda não é amplamente utilizado devido ao seu custo de produção. No entanto, após pesquisas realizadas em Camarões, na África, a empresa desenvolveu um modelo de produção que reduz o custo para os produtores em até 5 a 10 vezes em relação a Europa, tornando essa tecnologia mais acessível.

O objetivo da NetZero é garantir que os fornecedores recebam uma parcela do insumo produzido a partir de seus resíduos, enquanto a parte restante é disponibilizada por um preço de R$ 4 por quilo.

O biochar é aplicado apenas uma vez no solo com efeitos muito duradouros. Ele é uma solução sustentável para a agricultura reconhecida pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), duas das organizações mais importantes das Nações Unidas.

Desde sua fundação em 2021, a NetZero recebeu vários prêmios internacionais por seu modelo inovador, focado em trazer o biochar em larga escala. Em particular, a empresa foi reconhecida em 2022 como um dos 15 projetos de remoção de carbono mais promissores do mundo no concurso internacional XPRIZE Carbon Removal, organizado pela Fundação Elon Musk.

Agro Business: A empresa foi fundada em 2021 na França. Pouco depois, um grupo de investidores fez um financiamento inicial para iniciar as atividades. Como foi a escolha pelo investimento no Brasil?

Pedro de Figueiredo: A NetZero surgiu em 2021 com o propósito de viabilizar a produção comercial de biochar a um décimo do valor de mercado, utilizando créditos de carbono. O biochar passou a ser reconhecido como uma das formas mais naturais e eficazes de sequestro de carbono e armazenamento no solo, sendo destacado pelo IPCC como uma solução de alto valor agregado em comparação com métodos industriais mais custosos. Essa iniciativa representou não apenas uma solução sustentável e ambientalmente consciente, mas também uma oportunidade para impulsionar a produtividade agrícola, reduzindo o desmatamento e contribuindo para o sequestro de carbono.

Desde então, a NetZero adotou uma abordagem inovadora, transformando resíduos agrícolas em biochar e integrando-os ao solo. A empresa recebeu reconhecimento internacional, incluindo o apoio do IPCC e a premiação da Fundação Elon Musk. Ao expandir suas operações para o Brasil, eu, como co-fundador da NetZero e natural de Rio Casca, Minas Gerais, busquei na minha região natal a matéria-prima ideal, especialmente a casca de café, dada a proximidade com a Mata de Minas e a parceria estabelecida com a cooperativa Coocafé, atuante em Minas Gerais e no Espírito Santo.

AB: Como funciona a parceria entre a NetZero com os produtores de café?

PF: O modelo de parceria com os produtores é simples e eficaz: o produtor disponibiliza a palha, a NetZero coleta os resíduos agrícolas, transforma-os em biochar e disponibiliza-os aos produtores a um custo acessível, promovendo a redução do uso de fertilizantes e o aumento da produtividade. A expectativa é de que essa iniciativa, além de beneficiar a agricultura local, contribua significativamente para a redução das emissões de carbono e a promoção de práticas sustentáveis.

O biochar recupera o pH do solo e permite que ele tenha umidade no momento das deficiências de chuvas. Além disso, ele reduz a necessidade do uso de fertilizantes em até 33% e aumento de 15% de produtividade. O nosso objetivo principal é beneficiar o pequeno produtor, mas estamos dispostos a estabelecer parcerias com produtores interessados no raio de 30 km das nossas instalações.

AB: Quais são os investimentos da NetZero previstos para os próximos anos?

PF: Com planos de expansão ambiciosos, vislumbramos a instalação de 700 plantas semelhantes à de Brejetuba até 2039 em todo o mundo, com foco no Brasil. O Espírito Santo, dada sua capacidade de fornecer matéria-prima, tem potencial para a instalação de pelo menos 50 a 60 plantas semelhantes à de Brejetuba.

No entanto, o crescimento e distribuição dessas plantas serão adaptados de acordo com a demanda de cada local. Por isso, é crucial o apoio da comunidade capixaba para atrair esses recursos e impulsionar o desenvolvimento sustentável.

Estas plantas terão capacidade semelhante à de Brejetuba, produzindo entre 3.500 a 4.000 toneladas de biochar por ano. No entanto, a capacidade de produção pode ser ajustada conforme a disponibilidade de matéria-prima.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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