Mar 2024
13
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Quebras de safra na Indonésia e no Vietnã justificam a alta de preços

Segundo o Cepea, os preços do café arábica têm oscilado, influenciados pelos efeitos climáticos no desenvolvimento das plantações brasileiras, a proximidade da colheita da safra 2024/25 e especulações sobre a produção e os estoques globais. Em fevereiro, a média do arábica tipo 6 foi de R$ 1.008,26 por saca de 60 kg, representando um leve aumento de 1,8% em relação ao mês anterior, porém uma queda significativa de 10,7% em comparação com fevereiro de 2023.

Por outro lado, os preços do robusta têm se mantido firmes, impulsionados pela demanda internacional aquecida, especialmente na Europa. Em fevereiro, o indicador do tipo 6, peneira 13 acima, registrou uma média de R$ 841,92 por saca, um aumento de 4,9% em relação a janeiro de 2024 e de 21,2% em comparação com fevereiro de 2023.

A produção brasileira de café conilon está suprindo demandas de outras origens produtoras, devido a diminuição da produção em países como Vietnã e Indonésia. Essa redução de produção nessas regiões tem gerado interesse internacional pelo café conilon brasileiro. Além disso, em um contexto global de conflitos geopolíticos, o Espírito Santo, como o maior produtor de café conilon do Brasil, tem capitalizado essas oportunidades de mercado.

Nos últimos meses a saca do conilon está com preços elevados, um reflexo que também acontece no mercado internacional. São vários os fatores que provocam essa aceleração. Entre eles, estoques, produção, demanda, clima e até problemas geopolíticos

O aumento nos preços do café conilon tem sido uma oportunidade para os produtores capixabas, que viram de perto o aumento de preço da saca em relação ao ano anterior. No dia 13 de março de 2023, a saca de café conilon estava sendo comercializada a R$ 620,00 enquanto no dia 12 de março de 2024 a saca de 60 kg está em R$ 840,00.

Jorge Nicchio, presidente do Sindicato do Comércio de Café do Espírito Santo (Sindicafé), explica que essa alta procura pelo conilon tem sido uma boa oportunidade para os produtores capixabas.

“O aumento de preço foi de 40% em relação ao ano anterior. Os cafeicultores que mantiveram o café estocado estão aproveitando os melhores preços e fornecendo para o mercado mundial, onde a demanda pelo nosso café está aquecida. Além disso, a qualidade do café tem melhorado ao longo dos anos, com os produtores investindo em novas técnicas de cultivo, novas variedades de mudas e cepas mais resistentes. A especialização dos produtores tem resultado em cafés de qualidade superior, o que é essencial para conquistar mercados exigentes”, explicou Jorge Nicchio, presidente do Sindicafé.

O café conilon do Espírito Santo está sendo mais demandado no mercado internacional. Em 2023, as exportações de café conilon do Espírito Santo aumentaram 238,7% em relação ao ano anterior, conforme dados do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV). O volume embarcado passou de 1,1 milhão de sacas em 2022 para 4 milhões em 2023.

Nicchio atribui o aumento nas exportações de conilon pelo Espírito Santo pela capacidade da produção capixaba suprir problemas de safra no Vietnã e na Indonésia, países que se destacam na produção de robusta.

“O Vietnã é o principal produtor e exportador de conilon, enquanto a Indonésia ocupa o terceiro lugar neste ranking.  O Brasil é o segundo maior produtor de café conilon do mundo.  Desde novembro, ambos os países enfrentam uma quebra na safra, resultando em uma produção significativamente inferior à do ano passado. Além disso, problemas logísticos surgiram devido à crise no Mar Vermelho, afetando o transporte para a Europa e os Estados Unidos, já que essa região é uma rota crucial para os navios”, explicou Jorge Nicchio.

O que pode influenciar o preço do café em 2024?

A alta nos preços do café conilon tem incentivado os produtores a investirem em suas plantações, adotando novas técnicas e cuidados para garantir a qualidade e a produtividade. Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, maior cooperativa de café conilon do Brasil, destaca que essa elevação nos preços é resultado de uma série de fatores, incluindo o aumento na participação do café conilon nos blends, a redução da produção em outras regiões produtoras e a melhoria contínua na qualidade do café conilon brasileiro.

“Dentre eles, pontuamos em destaque a melhoria inegável da qualidade que esses cafés vêm imprimindo, fator que tem estimulado o aumento da participação do conilon nos blends e que, automaticamente, tem se refletido em maior da demanda por parte das indústrias. Esse aumento do consumo aliado à menor produção da safra brasileira em 2023 e às dificuldades logísticas enfrentadas pelo Vietnã, têm contribuído tanto para aumentar o volume de exportação, quanto para a alta nos preços do café, o que pode representar uma oportunidade para os cafeicultores”, explicou Bastianello.

A Cooabriel é a maior cooperativa de café conilon do Brasil, com mais de 7.700 cafeicultores envolvidos nas áreas de atuação nos estados do Espírito Santo e Bahia. Bastianello aponta que a possibilidade de menor produção no Vietnã e na Indonésia pode refletir nos preços futuros.

“Além disso, condições climáticas adversas podem influenciar na produção da safra brasileira de conilon. Porém, o cenário ainda é de expectativas e seria prematuro afirmar como esses fatores influenciarão nos preços futuros”, comentou o presidente da Cooabriel.

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