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Pesquisadores capixabas estão em busca de encontrar soluções para combater as doenças que afligem o café conilon. Nos últimos anos, a cafeicultura do conilon capixaba vem passando por um desafio com o surgimento de cancros nos ramos, o que pode levar a uma redução na produção e até mesmo à morte prematura das plantas. Em resposta a essa ameaça, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, campus de Alegre, estão liderando pesquisas para evitar a disseminação da doença dos cancros nos ramos do café conilon e, consequentemente, minimizar os prejuízos para a cafeicultura.
Um dos produtores afetados pela situação é Bento Lima, cuja plantação foi recentemente afetada. Ele relata que nos últimos anos observou o declínio das plantas devido à doença. “Na primeira colheita deste ano, muitos pés de café já morreram. As plantas começaram a murchar e a ficar amareladas, com as raízes apodrecendo”, destacou.
Até o momento, pouco se sabe sobre o agente causador dessa enfermidade, exceto a identificação de alguns fungos (Fusarium spp. e Lasiodiplodia sp.) associados aos sintomas. Além disso, as medidas eficazes de manejo ainda são desconhecidas.
Vários trabalhos estão sendo realizados pelas instituições de pesquisa do Espírito Santo, para estabelecer medidas de manejo para a doença. No entanto, alguns clones de café conilon com alto potencial produtivo têm apresentando suscetibilidade comprovada pela redução drástica da produção e morte prematura das plantas nas linhas de plantio.
A característica principal dessa doença, conforme apontado por Willian Bucker Moraes, doutor em Proteção de Plantas e pesquisador, é o surgimento de cancros nos ramos ortotrópricos e plagiotrópicos. Ele observa que as folhas das plantas afetadas sofrem curvaturas no pecíolo, seguidas de murcha e amarelecimento. Além disso, há uma perda de vigor das plantas, com redução no crescimento dos ramos mais próximos ao ápice.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, no Espírito Santo, o café conilon (coffea canephora) apresenta grande importância socioeconômica, respondendo por 31% do valor bruto da produção agropecuária em 2021, com uma área cultivada de 43 mil hectares. Reconhecendo a urgência do problema, o Incaper elaborou um documento apresentando medidas para conter a disseminação da doença dos cancros. Recomenda-se que os produtores evitem usar brotos de plantas com sintomas da doença para clonagem e que certifiquem a origem das estacas usadas na produção de mudas.
“Nesse sentido, com assistência de um viveirista credenciado pelo Ministério da Agricultura, o produtor deve assegurar-se de que as estacas (brotos) usadas para a produção das mudas foram retiradas de jardins clonais ou de áreas isentas de quaisquer sintomas aqui apresentados. Não trazer mudas ou material propagativo de outros estados, sem o necessário certificado fitossanitário de origem”, explica o documento.
Enquanto os desafios surgem no campo, as soluções podem emergir nos laboratórios, com a ciência aliada aos problemas enfrentados pelos produtores. Na Ufes de Alegre, pesquisadores estão investigando métodos para prevenir a propagação da doença.
“Estamos realizando pesquisas sobre os cancros nos ramos, também conhecidos como fusariose, com foco no controle genético, no desenvolvimento de clones resistentes, no controle biológico usando microorganismos como bacilos e fungos trichoderma, além de estudar alternativas de controle químico”, afirmou Bucker.
Até o momento, não existe um produto comercial, seja químico ou biológico, autorizado pelos órgãos de defesa fitossanitária para esse problema específico. Portanto, é importante evitar a aplicação de qualquer substância química ou defensivo agrícola sem autorização adequada.
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