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O Espírito Santo é o 2° maior produtor de macadâmia do Brasil, ficando apenas atrás de São Paulo, e contribuindo com 31% da produção nacional. Em 2022, a colheita foi realizada em uma área de 660 hectares, resultando em um valor de produção próximo a R$ 8 milhões. A crescente escassez de mão de obra para o cultivo e a colheita da macadâmia no Espírito Santo tem impulsionado os produtores capixabas a investirem na mecanização das lavouras. Este cenário é notado em São Mateus, município que mais produz macadâmia no estado e é responsável por 30% da produção nacional.
A macadâmia é uma noz pequena, mas apresenta um alto valor agregado. Ainda pouco explorada pelos agricultores brasileiros, essa noz originária da Austrália adquiriu características únicas em solo nacional, destacando-se como fonte de fibras, vitaminas, proteínas e ômega 3, fatores que elevam seu preço no mercado internacional.
Os primeiros cultivos de macadâmia no Espírito Santo datam da década de 80, e o produtor Eliseu Bonomo foi um dos pioneiros na região de São Mateus. Segundo ele, essa introdução marcou uma transformação na agricultura do norte do estado.
“Nas décadas de 70 a 80 houve uma mudança na introdução de novas culturas na região, como pimenta-do-reino, café, coco verde e, dentro desse contexto de exploração de novas oportunidades agrícolas, surgiu a macadâmia. Nesse período, um grupo buscou conhecimento na Austrália e no Havaí e trouxe a macadâmia para o norte do Espírito Santo e sul da Bahia”, explicou Eliseu Bonomo.
O cultivo da macadâmia tornou-se uma tradição na família Bonomo, com o produtor Italo Bonomo seguindo os passos de seu pai e introduzindo tecnologia e inovação na cultura.
“Esses maquinários representaram um novo momento no processo de colheita da macadâmia. Há muito tempo, estudávamos a possibilidade da colheita mecanizada, pois o trabalho manual é extremamente árduo, e a cada ano tornava-se mais desafiador encontrar pessoas dispostas e aptas para realizá-lo. Ao longo dos últimos anos, dedicamos muitos esforços à pesquisa e constatamos que esse modelo era o mais adequado às nossas condições de terreno. Após um extenso processo de negociação, conseguimos importar essas máquinas para auxiliar na colheita da macadâmia”, ressaltou Italo Bonomo.
A propriedade da família tem 150 hectares de macadâmia, com uma produção anual de 300 toneladas. A aquisição das máquinas reduziu pela metade a necessidade de mão de obra e proporcionou maior conforto aos colaboradores.
Enquanto outras propriedades da região ainda dependem do processo manual, a família percebeu os benefícios da mecanização para aumentar a rentabilidade e o lucro. “Esperamos que as máquinas se paguem em cinco anos de uso, e estamos conscientes de que o uso desses equipamentos resultará em uma redução de custos para a propriedade”.
Segundo a Associação Brasileira de Noz de Macadâmia (ABM), o Brasil deve produzir 6,5 mil toneladas, com mais de 80% dessa produção concentrada na região Sudeste. O volume representa 2,2% das 300 mil toneladas beneficiadas no mundo a cada ano. Embora o cultivo seja relativamente recente no país, o Brasil já figura entre os dez maiores produtores mundiais.
“A macadâmia é uma cultura que possibilita a mecanização em várias etapas. Já realizamos a adubação, o controle de pragas e doenças, e a irrigação das lavouras de forma mecanizada. Com a introdução da colheita mecanizada, fechamos esse ciclo, reduzindo os custos com mão de obra e tornando a atividade ainda mais lucrativa”, disse o produtor Italo Bonomo.
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