Produtores do ES buscam alternativas para proteger pitayas dos ataques de pássaros e garantir colheita
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Vila Velha (UVV) explorou a viabilidade da extração de óleos essenciais de diferentes espécies vegetais presentes em um sistema silvipastoril. O objetivo foi avaliar seu potencial para aplicações na indústria farmacêutica, cosmética e de alimentos. No âmbito dessa pesquisa, 17 espécies foram selecionadas nos fragmentos florestais dos municípios de Alegre e Cachoeiro de Itapemirim para coleta e extração de óleos essenciais. Destas, três espécies – cambuci, cajá-mirim e araçauna – destacaram-se pelo rendimento extrativo. Este estudo também identificou que a extração de óleos essenciais pode representar uma alternativa para a geração e diversificação de renda dos produtores rurais.
A potencialidade desses óleos foi avaliada com base em sua composição química, bem como em suas propriedades terapêuticas e medicinais, investigadas através de ensaios biológicos in vitro. Esses ensaios permitiram avaliar propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas. Entre as 17 espécies estudadas, a cambuci, cajá-mirim e araçauna mostraram-se promissoras, tanto pelo rendimento extrativo satisfatório quanto pelo potencial medicinal para as indústrias farmacêutica e de cosméticos.
Os resultados obtidos confirmaram a viabilidade técnica da extração sustentável de óleos essenciais de espécies nativas da Mata Atlântica, que podem ser encontradas ou introduzidas em sistemas integrados silvipastoris. A médio e longo prazo, esse estudo tem o potencial de incentivar a extração e produção desses óleos, oferecendo uma estratégia atrativa para uma renda complementar aos produtores rurais.
De acordo com o pesquisador e professor da UVV, Márcio Fronza, o Brasil detém a maior diversidade genética vegetal do mundo, e muitas substâncias ainda não foram descobertas ou estimuladas a serem usadas. Estes fatores ressaltam a importância do estudo das plantas aromáticas e, por conseguinte, dos óleos essenciais.
“O Brasil ocupa o quarto lugar no cenário mundial como exportador de óleos essenciais, destacando atrás apenas dos Estados Unidos, França e Reino Unido. Além disso, o país tem a maior biodiversidade do mundo, com uma vasta gama de plantas que poderiam ser exploradas para esse fim. Normalmente, ainda são utilizadas plantas que têm baixo valor agregado no mercado, mas existem outras com potencial maior que podem ser aproveitadas”.
Além disso, Fronza destacou a importância de transferir tecnologia para os produtores, principalmente através de associações, cooperativas e agroindústrias. Ele ressaltou a necessidade de parcerias e políticas públicas para impulsionar a produção e comercialização de óleos essenciais, que têm potencial tanto na indústria farmacêutica quanto na de cosméticos.
“A nossa ideia é buscar valorizar essas culturas e tentar promover ações e políticas públicas que incentivem a interação de cooperativas e agroindústrias para a extração desses óleos essenciais. Já temos exemplos de sucesso no estado com a aroeira”, explicou.
No mundo, há aproximadamente 17.500 espécies aromáticas capazes de produzir óleos essenciais. Esses óleos podem ser encontrados e armazenados em uma variedade de órgãos vegetativos, incluindo flores (como as da árvore de bergamota e tuberosa), folhas (como a citronela e o eucalipto), cascas (como a canela), madeiras (como o pau-rosa e a madeira de sândalo), raízes (como o vetiver), rizomas (como a cúrcuma e o gengibre), frutas (como a pimenta da Jamaica, o anis e o anis estrelado) e sementes (como a noz-moscada).
O estudo foi conduzido com 17 espécies vegetais encontradas na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Todas as espécies coletadas foram cuidadosamente identificadas e submetidas ao processo de extração para obtenção do óleo essencial.
Entre as espécies estudadas estão a braúna, peroba amarela, jacarandá caviúna, jacarandá da Bahia, jenipapo, pau-d’alho, jatobá, cambuci, cajá-mirim, sapucainha, mangueira, cajá manga, jamelão, marinheiro-do-mato, guaçatonga, araçá boi e araçauna. Destas, destacam-se a cambuci, o cajá-mirim e a araçauna como espécies promissoras, apresentando rendimento extrativo satisfatório e potencial medicinal para as indústrias farmacêutica e de cosméticos.
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