Maio 2024
10
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Temporais no RS causam mais de R$ 500 milhões em prejuízos no campo

Segundo a doutora em Administração e Ciências Contábeis e professora da Fucape Business School, Flávia Rapozo, o Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional de arroz, um fator que pode impactar a disponibilidade desse alimento em outras regiões.

“Os preços dos produtos estão intimamente ligados à oferta e demanda. Sendo assim, se ocorrer desabastecimento ou restrições desses produtos, a população vai sentir os efeitos em breve. Destaco o exemplo do arroz: o Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional. Logo, esse produto que está presente na mesa do brasileiro dia a dia, provavelmente terá um impacto relevante em seu preço de venda, mesmo considerando que parte da safra já havia sido colhida. Isso porque as questões logísticas também impactarão no custo de produção e influenciarão os preços marcados nas gôndolas dos supermercados”, apontou Flávia Rapozo.

Além do arroz, outros produtos, como os derivados do leite, devem ter seus preços afetados. Embora mais de 80% da safra de arroz já tenha sido colhida, ainda não se sabe se os estoques foram atingidos ou se houve perdas.

É importante ressaltar que o estado também é um importante produtor de trigo, frangos e suínos, o que aumenta o risco de desabastecimento desses grãos e carnes. De acordo com o último relatório da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), estima-se um prejuízo superior a R$ 967 milhões no Rio Grande do Sul. Somente na agricultura, as perdas são de R$ 423,8 milhões, e na pecuária, de R$ 83 milhões.

“Embora alguns preços ainda não estejam sendo afetados pela tragédia, é esperado que haja uma elevação não só dos produtos citados como também das carnes, frangos e suínos, já que o Rio Grande do Sul tem participação expressiva na produção destes no cenário nacional”, explicou Rapozo.

O estado é um dos principais produtores do setor agropecuário no Brasil, o que coloca em risco o fornecimento de itens essenciais na alimentação diária dos brasileiros, podendo resultar em alimentos mais caros nas prateleiras dos supermercados em todo o país. Mesmo as produções não afetadas diretamente pelas chuvas podem sofrer aumento de preços, principalmente devido aos alagamentos e danos à infraestrutura, que podem afetar a logística de transporte de alimentos e frutas tradicionais da região, como uva, pêssego e maçã.

O impacto dessa situação será sentido em diversos estados brasileiros, dada a relevância do Rio Grande do Sul no agronegócio nacional. As dificuldades logísticas enfrentadas colocam em risco o abastecimento de produtos agropecuários em várias partes do país, incluindo o Espírito Santo. A professora da Fucape Business School, Flávia Rapozo, ressalta que ainda não é possível calcular precisamente o impacto das chuvas na inflação do país.

“Considerando a expressividade do Rio Grande do Sul no agronegócio nacional, é esperado que o impacto da tragédia seja percebido em todo o país, não só no Espírito Santo. Ainda não há como mensurar por quanto tempo esses efeitos serão sentidos, porque há estradas bloqueadas, caminhões parados com cargas que estão deteriorando, e tudo isso tem um custo que pode interferir até mesmo no índice de inflação. Isso porque, segundo informações da Infomoney, o arroz representa 0,75% do índice de inflação. Assim sendo, até mesmo o custo de outros produtos que não necessariamente sejam produzidos na região, podem ser influenciados pela escassez provocada pelas chuvas na região”, pontuou Rapozo.

Empresas do RS registram queda de até 20% no faturamento, diz Itaú

As recentes e devastadoras chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição, afetando o estado. Com alagamentos, inundações e deslizamentos, cerca de 1,45 milhão de pessoas em 417 municípios foram impactadas, resultando em uma tragédia que já contabiliza 100 mortes e deixou 66,7 mil pessoas desabrigadas. Diante desse cenário de calamidade, mobilizações estão ocorrendo em todo o país para enviar doações e auxiliar as vítimas.

Nesse contexto, o setor econômico também sofreu severas consequências. Segundo o Itaú Unibanco, todas as áreas da economia gaúcha enfrentam uma considerável perda de receita. Estima-se que as empresas do estado experimentem uma queda de até 20% no faturamento.

Essas projeções são baseadas nos dados do Idat (Daily Activity Tracker), um índice desenvolvido pelo banco que monitora diariamente a atividade econômica no Brasil por meio das transações realizadas por seus clientes e em suas plataformas, como as maquininhas de adquirência.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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