Exportações de mamão crescem 12% nos primeiros quatro meses; Espírito Santo se mantém como principal exportador
Após o Espírito Santo conquistar números recordes na exportação de café, as lideranças do agronegócio capixaba estão otimistas com a projeção do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV) de que o estado pode se tornar o maior produtor mundial de café conilon nos próximos cinco anos, superando o Vietnã, atualmente o maior produtor. Em 2023, o estado exportou 5,2 milhões de sacas de café, sendo 4 milhões de conilon. Os dados do primeiro quadrimestre deste ano também chamaram a atenção de Jorge Nicchio, vice-presidente do CCCV, com 2,6 milhões de sacas exportadas, das quais 2 milhões foram de conilon.
Para Jorge Nicchio, presidente do Sindicafé e vice-presidente do CCCV, os dados positivos de exportação de café pelo Espírito Santo destacam a projeção do mercado de que o Brasil se tornará o principal produtor mundial de café robusta/conilon dentro de cinco anos, superando o Vietnã.
Só em 2023 o Espírito Santo enviou ao exterior um dos maiores volumes de conilon da história, foram 4 milhões de sacas de café conilon e um total de 5,2 milhões de sacas de café, incluindo arábica, solúvel e conilon. Os dados do primeiro quadrimestre de 2024 também foram positivos. As exportações de café conilon representaram 86,7% do total de café enviado pelo Espírito Santo. De um total de 2,6 milhões de sacas, 2,2 milhões foram de conilon, segundo o CCCV.
Jorge Nicchio projeta que o Espírito Santo exporte aproximadamente 7 milhões de sacas de café conilon até o final de 2024, se os números continuarem otimistas.
“Esses dados referem-se ao café conilon em grão cru, usado como matéria-prima para café solúvel na exportação. Somando 7 milhões de sacas de café verde e 3 milhões de sacas de café solúvel, teremos cerca de 10 milhões de sacas de café conilon disponíveis no mercado externo este ano. Essa projeção parece alcançável, dada a exportação no primeiro quadrimestre, que inclui cafés produzidos em 2023”.
Mas por que os cafés brasileiros e capixabas estão sendo demandados internacionalmente? Vários motivos são responsáveis por esse cenário. O conilon tem atraído a atenção devido aos problemas climáticos enfrentados por outros grandes produtores, como Indonésia e Vietnã, que reduziram suas colheitas. Além disso, dificuldades logísticas no Canal de Suez aumentaram os custos de fretes, dificultando o escoamento da safra para a Europa.
“Não podemos ignorar que, dentro desse aumento da demanda por nosso café, a notável melhoria na qualidade do nosso café conilon nos últimos anos é evidente. Os importadores reconhecem essa capacidade de transformação de um café que, há alguns anos, era considerado de qualidade inferior. Portanto, devemos parabenizar os produtores que cumpriram seu papel, produzindo um café de alta qualidade. Isso, sem dúvida, atrai a atenção dos importadores para a compra”, ressaltou Nicchio.
A produção de café robusta na Ásia está em crise. No Vietnã, principal produtor, as condições climáticas adversas têm prejudicado a produção, que geralmente atinge 31 milhões de sacas por ano, mas no último ciclo não ultrapassou 26 milhões de sacas. Esse cenário gera apreensão para o próximo ciclo.
Enquanto isso, o Brasil produziu 16,7 milhões de sacas de conilon em 2023. No estado capixaba, a produção ficou em cerca de 13 milhões de sacas no total, sendo 10,16 milhões de sacas apenas de conilon.
Nicchio também destacou que o aumento nos preços do café conilon brasileiro tem atraído atenção nos últimos 12 meses, com um aumento de cerca de 45% em relação ao ano anterior. Em maio deste ano, a saca de 60 kg está sendo comercializada em torno de R$ 950,00, enquanto há um ano a saca estava em torno de R$ 650,00.
“Isso é importante para o produtor de café e para a economia do Espírito Santo. As expectativas que temos são de que a produção aumente consideravelmente nos próximos anos e os preços favoráveis estimulem uma maior produção, incentivando os produtores a plantar mais no norte do Espírito Santo, no sul da Bahia e em Rondônia. Vejo um futuro próximo com mais lavouras de café conilon sendo plantadas”.
Ele também ressaltou que, ao contrário de 2016, quando os preços estavam altos, o estado enfrentava uma crise hídrica que reduziu a produção, desta vez, a produção e os preços se mantêm elevados devido à alta demanda internacional.
“Temos uma produção boa de café, ao contrário de 2016, quando o café estava em alta, mas enfrentávamos uma crise hídrica e a produção era baixa. Desta vez, temos bons preços e boa produção, o que é importante tanto para os produtores quanto para a economia do Espírito Santo”, concluiu Nicchio.
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