Nas últimas décadas, o agronegócio brasileiro superou diversos desafios e evoluiu significativamente com a introdução de tecnologias e a qualificação de profissionais. Hoje, o setor representa aproximadamente 27% do PIB e é um dos mais promissores da economia nacional. Em menos de cinquenta anos, o Brasil passou de importador a um dos principais exportadores de commodities agrícolas do mundo, impulsionado por avanços tecnológicos e novas pesquisas agrícolas. O uso de maquinário moderno, dados e defensivos eficientes permitiu um aumento na produção sem expansão expressiva da área cultivada. Atualmente, o país é um grande produtor de café, soja e milho, e exportador de diversos produtos agrícolas. Conversamos com Octaciano Neto, diretor de Agronegócio da Suno e ex-secretário de Agricultura do Espírito Santo, sobre as principais tendências do setor
Agro Business: Quando falamos sobre o agronegócio brasileiro, sabemos que muitas alavancas foram importantes para colocar o setor onde está atualmente. Quais são essas alavancas?
Octaciano Neto: Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro passou por uma transformação significativa, especialmente a partir da década de 70. Três alavancas principais impulsionaram essa mudança:
Biologia e Melhoramento Genético: Houve grandes avanços no melhoramento genético, como o desenvolvimento de variedades superiores de nelore, café, mamão e soja. Essas melhorias biológicas foram essenciais para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas.
Química: Os herbicidas e fertilizantes desempenharam um papel crucial. A introdução de fertilizantes nitrogenados, por exemplo, aumentou a produção mundial de alimentos em 40%. A química tem sido fundamental para controlar pragas e melhorar a fertilidade do solo.
Mecanização: A mecanização revolucionou o campo. No passado, a agricultura dependia de animais como bois para arar a terra. Hoje, máquinas sofisticadas plantam e colhem culturas como soja e café de forma muito mais eficiente. A mecanização tem transformado intensamente a cafeicultura capixaba do conilon e arábica.
Essas três alavancas elevaram a agricultura brasileira a um novo patamar. Como resultado, o Brasil deixou de ser um importador de alimentos para se tornar um grande exportador mundial.
Agro Business: O que é preciso ser feito para o agronegócio avançar mais?
Octaciano Neto: As três alavancas que mencionei anteriormente foram fundamentais e continuarão sendo importantes, mas precisamos combiná-las com três novas alavancas para enfrentar os novos desafios:
Digitalização: A digitalização é crucial para o avanço do agronegócio. Um exemplo é o uso de drones, que se tornou comum em menos de uma década. Em 2013-2014, os drones eram vistos como algo futurista, mas hoje são ferramentas indispensáveis.
Produtores possuem drones próprios, e empresas prestadoras de serviços com drones estão se tornando comuns. Este é apenas um exemplo da digitalização, que inclui muitos outros processos tecnológicos.
Governança: A governança do produtor rural é cada vez mais essencial. No passado, a gestão financeira das fazendas era informal, mas agora é importante separar as finanças pessoais das empresariais. Melhorar a governança é fundamental para administrar eficientemente a fazenda e garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.
Acesso a Mercados de Capitais: A terceira nova alavanca é o acesso a mercados de capitais. Tradicionalmente, produtores dependiam de produtos bancários padronizados, mas agora as soluções financeiras são mais personalizadas. A governança e a preparação para sucessão são importantes para acessar essas novas oportunidades financeiras. Produtores precisam estar preparados para utilizar soluções financeiras customizadas, em vez de produtos bancários de prateleira.
Essas novas alavancas—digitalização, governança e acesso a mercados de capitais—são essenciais para que o agronegócio continue avançando e se torne ainda mais competitivo.
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