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Apesar de ser uma cultura significativa na agricultura brasileira, o gengibre não possuía o Registro de Proteção de Cultivar (RPC) no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Essa realidade mudou com o envolvimento de ensino, pesquisa, extensão e inovação. O primeiro registro no Brasil foi obtido a partir de estudos desenvolvidos por pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Alegre. O registro foi realizado por meio do melhoramento genético participativo com o agricultor Alexandre Lemke, de Santa Leopoldina. A nova cultivar se destaca por seu alto rendimento, alcançando até 145 toneladas por hectare no manejo orgânico, superando a média estadual de 70 toneladas por hectare.
A variedade registrada, batizada de Imigrante, possui características ideais para o mercado internacional, como rizomas grandes e não emaranhados, facilitando a limpeza e garantindo maior qualidade visual. Com polpa amarela e alto rendimento, essa cultivar pode produzir até 145 toneladas por hectare no manejo orgânico, mais que o dobro da média estadual.
Ana Paula Candido, professora do Ifes e coordenadora do estudo, destaca a oportunidade de desenvolvimento da cultura no Espírito Santo, dobrando o rendimento e a qualidade das lavouras capixabas.
Ela afirma: “Conseguir o registro significa que a planta está apta para comercialização, com um padrão de plantio, colheita e produção. Agora, temos informações corretas sobre o desempenho genético. No cenário capixaba, essa abordagem é crucial para manter a liderança. Com cuidados como obter mudas sadias e manejar bem as lavouras, a principal importância é disponibilizar material caracterizado para os agricultores, dobrando a produtividade das lavouras”.
Atualmente, o Espírito Santo é o maior produtor e exportador de gengibre do país, responsável por 75% da produção nacional e 55% das exportações. Em 2022, a área de cultivo foi de 1.169 hectares, com produção de 59.506 toneladas.
O registro da cultivar é fruto de uma dissertação do Programa de Mestrado em Agroecologia do Ifes, campus Alegre. A caracterização genética de diferentes plantas de gengibre selecionadas ao longo dos anos pelo agricultor Alexandre Lemke resultou na solicitação enviada ao Ministério da Agricultura em 23 de maio de 2024, aprovada em 15 dias.
A pesquisadora ressalta que mais seis pedidos de registro de cultivares de gengibre foram feitos ao Mapa e estão aguardando aprovação. A partir de agora, a pesquisa busca encontrar cultivares de gengibre resistentes e tolerantes a doenças como a fusariose, principal doença que afeta as lavouras e causa perdas significativas.
“No início do projeto, em junho de 2022, começamos a coleta e avaliação de diferentes materiais genéticos para conhecer melhor o potencial produtivo e a resposta ao ataque de doenças. Foi quando conhecemos o agricultor Alexandre, que relatou estar selecionando suas próprias matrizes ao longo dos últimos 15 anos”, destacou Candido.
Desde então, ensaios de avaliação foram iniciados em três propriedades nas localidades de Rio das Pedras (Alexandre Lemke Belz e Altair Kuster) e Caramuru (Valdemar Boening), situadas nos municípios de Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.
A pesquisa contou com recursos do programa Fortalecimento da Agricultura Capixaba (Fortac) do Ifes e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), em parceria com o Incaper, a Cooperativa de Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo (CoopGinger) e as Secretarias Municipais de Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.
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