Problemas logísticos no Espírito Santo comprometem exportação de café e causam prejuízos
O novo Plano Safra já foi anunciado, marcando um momento importante para o setor agropecuário do país. É através deste plano que grande parte da produção é realizada e impulsionada. A cada ano, os recursos liberados superam os valores do ciclo anterior, e para este ano-safra, a expectativa não é diferente. No Brasil, o Sicoob projeta movimentar R$ 53,4 bilhões, representando um aumento de 10% em relação ao ano-safra anterior. Já no Espírito Santo, o Sicoob anunciou a disponibilização de R$ 3,8 bilhões, beneficiando mais de 20 mil cooperados. Em conversa com lideranças do Sicoob Espírito Santo, Eduardo Ton, gerente de Crédito e Agronegócios, e Alecsandro Casassi, diretor de Operações e Negócios, foi discutido como os produtores podem utilizar esses recursos. Confira o bate-papo.
Agro Business: Qual a importância econômica do Plano Safra ao longo dos anos tanto no Espírito Santo quanto no Brasil?
Alecsandro e Eduardo: No Espírito Santo, o Plano Safra tem um impacto significativo na redução dos custos de produção e financeiros dos produtores rurais, permitindo que eles alavanquem seus negócios com prazos compatíveis. O Sicoob tem desempenhado um papel importante ao buscar recursos em fundos e recursos equalizáveis, contribuindo para o fortalecimento do agronegócio local. Desde meados de 2009 e 2010, especialmente com o Funcafé, o Sicoob tem mudado a realidade da cafeicultura em diversas cidades, transformando-as em grandes produtores. Essa disponibilidade de crédito acessível e em quantidade adequada é vital para pequenas propriedades, que representam mais de 80% no estado, ajudando a manter os jovens no campo e promovendo um agro de excelência.
No Brasil, o impacto do Plano Safra também é significativo, mas há peculiaridades regionais. Em regiões de grandes produções, muitos produtores recorrem ao mercado de crédito normal ou ao mercado de capitais, onde encontram o montante necessário para seus negócios. Mesmo assim, o Plano Safra é crucial para pequenos produtores em várias regiões, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do agronegócio em todo o país.
Agro Business: Como a presença de uma cooperativa de crédito e a implementação do Plano Safra impactam o desenvolvimento econômico dos municípios?
Alecsandro e Eduardo: No Sicoob, temos dois objetivos principais: fazer circular o dinheiro dos nossos associados entre eles mesmos e buscar recursos com taxas competitivas. O dinheiro que o associado deixa parado na conta corrente ou na poupança retorna para a comunidade na forma de crédito. Esse é o nosso papel. Além disso, buscamos recursos em fundos como o Funcafé e o BNDES. Nos últimos três anos consecutivos, fomos o maior repassador do BNDES no estado, com 60% de todo o BNDES aplicado no estado. Esses recursos de investimento são essenciais, pois agregam valor à renda do produtor, aumentam sua produtividade e introduzem novas tecnologias. Portanto, acreditamos que todo crédito rural é importante, mas o investimento é fundamental para gerar desenvolvimento econômico.
Agro Business: Neste ano safra quais são as alterações em relação ao ano passado? Quais são as melhorias?
Alecsandro e Eduardo: O ano-safra começa em 1º de julho e termina em 30 de junho do ano seguinte. Durante esse período, há revisões e balanços do ano-safra. O setor agro não para; de um dia para o outro, já temos novas regras para seguir. Este ano, houve uma pequena variação na agricultura familiar, com uma redução na taxa de juros, indicando um aumento do apoio governamental para essa área. Como 80% das propriedades no estado são de pequenos produtores rurais, esse recurso está garantido para nossos associados.
Agro Business: Quais são os números do Sicoob Espírito Santo nesse ano-safra?
Nós encerramos o ano-safra 2023/24 com excelentes resultados. Inicialmente, tínhamos um orçamento de R$ 2,2 bilhões, mas alcançamos R$ 2,8 bilhões. Para o próximo ano-safra, a projeção é crescer R$ 1 bilhão, passando de R$ 2,8 bilhões para R$ 3,8 bilhões. Atendemos cerca de 13,5 mil contratos e nossa estimativa para este ano é atender 20 mil associados. No Brasil, o Sicoob nacional também foi destaque, liberando R$ 48,4 bilhões e projetando um crescimento de 10%, alcançando R$ 53,5 bilhões. Esses números robustos posicionam o Sicoob como uma instituição de destaque tanto a nível nacional quanto local.
No orçamento total, estamos em segundo lugar entre as instituições que mais destinam recursos ao agronegócio capixaba, muito próximos do primeiro lugar. O Sicoob é representativo no agronegócio capixaba, de norte a sul do estado, e em várias culturas, incluindo café, pimenta, fruticultura e pecuária. Fazemos questão de estar presentes em todos os segmentos do agronegócio.
Agro Business: Na prática, como o produtor rural consegue acessar os recursos?
Alecsandro e Eduardo: O crédito rural precisa ser oportuno, suficiente e adequado. O produtor deve poder explorar sua propriedade rural e direcionar recursos para o projeto, cujo retorno pagará a operação de crédito. Por isso, nós temos uma baixa inadimplência no crédito rural justamente porque é viável economicamente e condizente com o fluxo de caixa da propriedade. Para acessar o crédito, o produtor precisa comprovar a posse da propriedade, estar em dia com as questões tributárias e ambientais, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outras licenças ambientais.
O crédito rural abrange várias modalidades: custeio, investimentos, comercialização e industriaização.
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