Depois de 21 anos, Espírito Santo supera recorde histórico de exportações de café
A agricultura biodinâmica completa 100 anos em 2024. Este sistema centenário de produção agrícola trata as propriedades rurais como organismos vivos, conectados ao sistema solar. A agricultura biodinâmica orienta-se pelas fases da lua e utiliza uma solução como espécie de adubos naturais produzidos com esterco para serem submetidos às influências da terra. Criada pelo filósofo e educador alemão Rudolf Steiner em 1924, essa prática respeita os ciclos naturais da terra e promove a integração entre os animais e a vegetação. No Espírito Santo, a Fazenda Camocim, em Domingos Martins, se destaca nesse modelo de produção para o cultivo de café arábica, o que tem garantido certificações internacionais inéditas para o estado, como o selo de agricultura orgânica regenerativa da Regenerative Organic Certified (ROC).
Uma característica que diferencia a agricultura biodinâmica das outras vertentes de agricultura sustentável é a utilização do Calendário Astronômico Agrícola, que define as melhores datas e horários para o plantio e a colheita dos alimentos.
A agricultura biodinâmica adota práticas distintas do cultivo convencional. Um dos pontos que chama a atenção é a preparação de soluções à base de esterco para melhorar a resistência das plantas e o condicionamento do solo, substituindo produtos químicos.
“A agricultura biodinâmica pode melhorar a resistência das plantas por meio da revitalização do solo e dos microrganismos presentes, atuando de forma natural sem o uso de químicos. Essa prática, associada à agricultura orgânica, não prejudica o meio ambiente nem os trabalhadores. Ela melhora a capacidade do solo, permitindo que os microrganismos se multipliquem, o que traz mais resiliência para o cultivo do café. Além disso, a agricultura biodinâmica utiliza um calendário astronômico que considera não apenas o ciclo lunar, mas também os movimentos de todos os planetas da Via Láctea”, afirma Bruna Caon, bióloga da Fazenda Camocim.
Para a produção de café biodinâmico, a Fazenda Camocim utiliza conhecimentos de astronomia, realizando cultivos e plantios de acordo com as fases da lua e dos planetas. Além disso, emprega a homeopatia para proteger e fortalecer as plantas e o meio ambiente.
“A homeopatia pode ser aplicada no solo e nas plantas. Na agricultura biodinâmica, utilizamos plantas-chave como dente-de-leão, camomila, carvalho, ortiga e mil-folhas. Cada uma possui princípios ativos importantes para diferentes fases do cultivo, atuando de forma preventiva contra possíveis ataques”, explica Bruna Caon.
Localizada em Pedra Azul, Domingos Martins, a Fazenda Camocim possui uma área de 300 hectares a 1.300 metros de altitude, com grãos selecionados manualmente. A produção de cafés especiais orgânicos começou nos anos 1990, por iniciativa do empresário Olivar Araújo, pioneiro na produção de cafés orgânicos na região.
Sob a liderança de seu neto Henrique Sloper, a produção evoluiu para cafés especiais biodinâmicos. A fazenda tem produzido cafés biodinâmicos de qualidade há mais de duas décadas e, em 2017, ganhou o prêmio internacional da indústria de café, o Cup of Excellence.
“A biodinâmica é uma técnica de recuperação do solo. Na propriedade, utilizamos homeopatias aplicadas nas plantas. A biodinâmica emprega diferentes homeopatias e segue um calendário agrícola que considera os ciclos do sol, da lua, dos planetas e do zodíaco. Essa abordagem, que remonta aos métodos dos incas e maias, respeita os ciclos naturais e visa revitalizar o solo. Um solo saudável produz alimentos de qualidade superior, que possuem melhor sabor, aroma e menor oxidação, aumentando sua durabilidade mesmo sem refrigeração. É uma técnica regenerativa”, destaca Henrique Sloper.
Recentemente, a Fazenda Camocim conquistou um reconhecimento inédito no Brasil: tornou-se a primeira empresa brasileira de café a obter a certificação internacional Regenerative Organic Certified (ROC) em agricultura orgânica regenerativa. Este selo foi possível graças às práticas sustentáveis adotadas na propriedade, incluindo a regeneração do solo, a proteção dos recursos hídricos e a valorização do bem-estar animal.
A Fazenda Camocim adota uma colheita seletiva, com um foco na qualidade do café. O empresário Henrique Sloper destaca que o principal objetivo da fazenda é produzir um café de excelência. “Embora a produtividade seja importante, a qualidade é primordial, e a colheita seletiva nos proporciona isso. Usamos o pássaro jacu como um alarme de colheita; quando ele começa a comer, sabemos que o café está maduro. Além disso, utilizamos tecnologia para medir o brix do café e garantir que está no momento certo de colher”, explica Sloper.
Na propriedade, também há uma estrutura de beneficiamento do café, onde os grãos são separados após a colheita. Nesse processo, os grãos que, por algum motivo, não amadureceram corretamente são separados dos grãos descascados e dos naturais.
A Fazenda Camocim alia a preservação do meio ambiente à conservação do pássaro jacu através do Instituto Ibio, uma instituição criada para preservar e aumentar as reservas de Mata Atlântica. O objetivo é entender melhor a ave, que só existe na Mata Atlântica Brasileira e está em extinção. Na propriedade, a ave desempenha um papel determinante na produção do Jacu Bird Coffee, um dos cafés mais caros e exóticos do mundo, cujos grãos são produzidos a partir das fezes do pássaro jacu.
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