Com 1.179 estabelecimentos, agro é o setor com mais cooperativas no país
No primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou 1,915 milhão de sacas de café solúvel, com cada saca pesando 60 kg. Esse volume representa um crescimento de 3,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com um relatório da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). Os dados do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV) revelam que, no primeiro semestre de 2024, o Espírito Santo exportou 296.545 sacas de café solúvel, um aumento de aproximadamente 29,7% em relação às 228.465 sacas exportadas no mesmo período de 2023.
A receita gerada com as exportações de café solúvel no primeiro semestre de 2024 alcançou US$ 402,9 milhões, marcando um avanço de 13,8% em relação ao período de janeiro a junho de 2023. Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics, projeta que esse desempenho sugere a possibilidade de alcançar um novo recorde em valor para as exportações de café solúvel brasileiro em 2024.
Lima acredita que o crescimento em volume reflete os contínuos investimentos em qualidade e inovações tecnológicas pelas sete indústrias do setor no Brasil, todas associadas à Abics. Essas indústrias possuem uma capacidade produtiva combinada de 132 mil toneladas, fazendo do Brasil o maior parque industrial do mundo no segmento.
“Essas melhorias realizadas pelas indústrias demonstram completa harmonia com os requisitos da governança socioambiental e da sustentabilidade, os chamados critérios ESG, evidenciando que elas estão preparadas para atender às exigências impostas pelo mercado internacional, como o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR)”, analisa.
Principais destinos – Os Estados Unidos continuam a liderar como principal destino das exportações brasileiras de café solúvel, apesar de uma queda de 20,4% nas importações, com a aquisição de 336.646 sacas no primeiro semestre. Em segundo lugar, vem a Indonésia, que aumentou suas importações em 39,5%, comprando 119.474 sacas, seguida pela Rússia, que, com um crescimento de 158,3%, adquiriu 99.706 sacas.
Lima destaca que as nações concorrentes na produção e industrialização de café solúvel, como Indonésia e México, têm se destacado. O México, o segundo maior produtor mundial de café solúvel, teve um aumento de 227%, ocupando o sétimo lugar no ranking. O Vietnã também se destacou com um crescimento de 367,5%, saltando para a 15ª posição na tabela. A Rússia, tradicional cliente do café solúvel brasileiro, recuperou sua posição entre os principais compradores no primeiro semestre de 2024, após uma queda para o 19º lugar em 2023.
Consumo interno – Entre janeiro e junho de 2024, o consumo interno de café solúvel no Brasil foi de 525.797 sacas, representando um aumento de 1,2% em relação às 519.537 sacas consumidas no mesmo período de 2023.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo café tipo freeze dried (liofilizado), que cresceu 95,6%. Em contraste, o café tipo spray dried, que representa 88% do total, sofreu uma queda de 4,4%. Os cafés solúveis importados, embora representem apenas 2% do mercado, tiveram um aumento de 23% no período.
Espírito Santo – No país, a produção do café solúvel está concentrada em sete grandes empresas – Nestlé, Café Iguaçu, Cacique, Campinho, Real Café, Cocam e Olam Food Ingredients (OFI). No Espírito Santo, a primeira fábrica instalada, a RealCafé, que fica em Viana, na Grande Vitória, atua há anos no mercado e por muito tempo foi a única no estado no ramo.
Em 1971, antecipando uma tendência de consumo de café na Europa e EUA, a Realcafé inaugurou uma vertical para produzir o café do tipo solúvel. Além disso, passou a comprar 100% do café conilon produzido no nosso estado, na época, o equivalente a 100 mil sacas de café.
Na safra 2022, o Espírito Santo produziu 12,4 milhões de sacas de café conilon, sendo o maior produtor de conilon do país, principal matéria-prima para a fabricação do solúvel. Com as duas novas fábricas instaladas em Linhares, norte do estado, a perspectiva é que em breve se torne o maior polo de exportação de café solúvel do mundo.
Em 2021, a Café Cacique começou a operar em Linhares com capacidade de produção de 12 mil toneladas de café solúvel por ano. Com um investimento de US$ 60 milhões no estado, a empresa fundada no Paraná é considerada até hoje uma das maiores indústrias de produção de café solúvel do mundo.
Já a Olam Food Ingredients (OFI) está em estágio inicial em Linhares e investiu R$ 1 bilhão para a construção de uma fábrica. Presente em 60 países, a empresa ocupa uma área de 300 mil metros quadrados e tem como meta adquirir aproximadamente 600 mil sacas de café em grão por ano de cafeicultores locais.
O café é a matéria-prima que é a base de produção da empresa, que processa e exporta produtos a diversos países, com destaque para Estados Unidos, Rússia e Polônia. Antes da construção da fábrica em Linhares, a empresa de Cingapura implantou dois empreendimentos no território capixaba. Um deles no município de Nova Venécia, que opera desde 2011, e outro na cidade de Muniz Freire, desde 2018.
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