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“Agora é hora de alegria. Vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar”. Com essas palavras, Silvio Santos encantava o público da televisão brasileira. O apresentador faleceu no último sábado (17), em São Paulo, vítima de uma broncopneumonia. Ao longo de seus 93 anos, ele construiu um verdadeiro império, deixando cerca de 30 empresas sob a gestão da família, com o SBT, fundado em 1981, sendo o mais conhecido. No entanto, poucos sabem que Silvio também teve uma trajetória no agronegócio. Ele foi proprietário de fazendas no Mato Grosso e possuía um rebanho de cerca de 10 mil cabeças de gado.
A história é narrada pelo escritor Arlindo Silva em seu livro, “A Fantástica História de Silvio Santos”. Silvio chegou a possuir um rebanho de cerca de 10 mil bovinos, distribuídos em três fazendas no Mato Grosso: a agropecuária Tamakavy, localizada nos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia.
Essas aquisições ocorreram durante a gestão do governador mato-grossense José Fragelli. Naquele período, o empresário buscava aproveitar os incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal para a pecuária, em uma época em que o Brasil buscava se consolidar como um grande exportador de carne.
Em 8 de julho de 1972, o jornal Correio da Manhã informou que Silvio Santos havia adquirido a agropecuária do Grupo Ometto-Almeida Prado, de propriedade dos usineiros paulistas Orlando Ometto e Renato de Almeida Prado. A transação envolveu uma área de 70 mil hectares, situada no município mato-grossense de Barra do Garças, compreendendo as empresas Tamakavy, Tiaipe e Barra Atlântica, que passaram a se chamar Baú Agropecuária S.A., conforme noticiado pelo Jornal do Brasil.
O nome Tamakavy é oriundo de um córrego na região do Araguaia, próximo à Terra Indígena Marãiwatsédé, que até 1991 fazia parte dos municípios de São Félix do Araguaia e Ribeirão Cascalheira. Naquela época, até 1976, São Félix estava sob a jurisdição do município de Barra do Garças. A propriedade de Silvio Santos foi renomeada para Baú Agropecuária.
Segundo a biografia de Silvio Santos, ele se desfez da Tamakavy em 1989, no mesmo período em que vendeu a TV Record para a Igreja Universal do Reino de Deus, liderada por Edir Macedo.
Em entrevista à Folha em 2010, Silvio Santos afirmou: “Eu tinha uma fazenda que era a segunda maior do Brasil, a Tamakavy, e nunca fui lá. Nem vi no mapa.” No entanto, essa afirmação nunca foi confirmada, pois há relatos de que Silvio, para evitar o reconhecimento, teria visitado suas terras disfarçado.
Senor Abravanel, nome de nascimento de Silvio Santos, nasceu no Rio de Janeiro e começou a trabalhar como camelô aos 14 anos, vendendo canetas e capas para títulos de eleitor. Posteriormente, trabalhou como locutor de rádio antes de se tornar apresentador, proprietário de emissora de TV e empresário.
Com uma habilidade de comunicação e persuasão, Silvio expandiu o Baú da Felicidade, originalmente pertencente ao radialista Manoel da Nóbrega, até assumir a empresa em 1958. Esse foi o início do Grupo Silvio Santos, que se diversificou em setores como cosméticos, capitalização, mídia e comunicação, incorporação imobiliária e hotelaria.
Até 2022, Silvio Santos acumulou um patrimônio de R$ 1,63 bilhão, conforme o ranking da revista Forbes. No entanto, foi em 2013 que o empresário atingiu seu maior valor, R$ 2,67 bilhões, e entrou para a lista de bilionários com US$ 1,25 bilhão. Em março de 2013, Silvio entrou na lista como a primeira celebridade bilionária brasileira.
Além do SBT, Silvio era proprietário da Liderança Capitalização, responsável pela Tele Sena; do Hotel Jequitimar, em São Paulo; da rede de cosméticos Jequiti; e da TV Alphaville. Também tinha participação na Simba Content, que negociava conteúdos de entretenimento da Record, SBT e RedeTV! com a TV paga.
Em 2010, Silvio Santos enfrentou um dos maiores reveses de sua carreira empresarial. O Banco Central descobriu um rombo bilionário no Banco Panamericano, pertencente ao grupo Silvio Santos, devido a fraudes ocorridas entre 2006 e 2010. Essas fraudes envolviam a venda da carteira de créditos para outras instituições financeiras, enquanto os valores eram mantidos nos balanços para mascarar os resultados reais. Como resultado, o banco acumulou um prejuízo de R$ 4 bilhões, que passou despercebido por auditorias externas durante pelo menos quatro anos.
A crise foi contornada apenas porque o próprio Grupo Silvio Santos ofereceu seus bens como garantia para obter um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que auxiliou a instituição. Em 2011, o Banco Panamericano foi vendido ao bilionário André Esteves, do BTG Pactual, por R$ 450 milhões.
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