Espírito Santo inaugura Central de Monitoramento de Florestas para combater o desmatamento ilegal
As queimadas no Brasil consumiram 4,48 milhões de hectares apenas no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Esse número representa um aumento de 529% em comparação com anos anteriores. No Espírito Santo, o período incomum de estiagens, que afeta os 78 municípios capixabas, têm contribuído para o aumento de incêndios em incêndios florestais, afetando gravemente a produção agrícola e pecuária, e deixando consequências que perduram por meses. De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a julho deste ano, foram registradas 1.781 ocorrências de incêndios em vegetação, um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
De janeiro de 2023 até julho de 2024, a Região Metropolitana registrou o maior número de ocorrências, com 1.728 chamados, seguida pelo Norte do estado com 957, o Sul com 740, a região Noroeste com 817, e a região Serrana com 303 atendimentos. Os números mostram como as queimadas têm sido um problema em todo o estado.
Segundo dados da Suzano, maior produtora mundial de celulose, Aracruz é um dos municípios mais afetados, com 121 ocorrências de incêndios registrados entre janeiro e julho de 2024, sendo 48 apenas no último mês – quase 40% em todas as denúncias recebidas. Ao todo, mais de 158 hectares de terras foram afetados pelo fogo, incluindo áreas pertencentes à Suzano e outras.
O principal fator das queimadas é a ação humana, de acordo com o chefe de Operações da Companhia de Corpo de Bombeiros de Aracruz, Aspirante Araújo. Próximo às plantações, peças de roupas e até móveis são encontrados. “Essas queimadas são muitas vezes causadas por práticas inadequadas, como a limpeza de terrenos ou a queima de lixo. Pequenos incêndios podem facilmente sair de controle e requerer a intervenção do Corpo do Bombeiro e de outras entidades”, explicou Araújo.
Os impactos dos incêndios em Aracruz, além dos danos diretos, são profundos para o meio ambiente. As queimadas destroem a biodiversidade, colocam em risco espécies animais e vegetais, e liberam gases poluentes que são extremamente prejudiciais à saúde humana.
Para minimizar esses dados, a Suzano tem investido fortemente na prevenção de incêndios, com a aquisição de equipamentos avançados de monitoramento, como drones e satélites, que permitem a identificação rápida de focos de incêndio.
Elian Correia, supervisor de Inteligência Patrimonial da Suzano, ressalta que os investimentos incluem não apenas tecnologia, mas também treinamento intensivo para as equipes de brigada de incêndio.
Correia sublinha a importância de uma ação coordenada para combater os incêndios. “Esse é um cenário bastante preocupante principalmente neste ano com a crise hídrica. Estamos compartilhando estratégias com o Corpo de bombeiros e outras empresas do agronegócio. É fundamental registrarmos todas as ocorrências para permitir uma investigação aprofundada pela polícia civil”.
Além da Suzano, outras empresas como a Lasa Bioenergia, de Linhares, também enfrentam prejuízos devido aos incêndios. Este ano, a Lasa já contabilizou cerca de R$ 4 milhões em prejuízos, com 85 hectares atingidos nas últimas três semanas e um total de 783 hectares afetados durante a safra, resultando na perda de cerca de 50 mil toneladas de cana-de-açúcar.
Rafael Soares Raso, superintendente da Lasa, destaca: “Além dos prejuízos financeiros diretos, enfrentamos perdas de imagem, dificuldades no manejo da cana-de-açúcar e complicações logísticas que são difíceis de mensurar”, disse.
No dia 20, as equipes de combate ao fogo da Lasa controlaram rapidamente um pequeno incêndio no canavial. No entanto, o fogo se espalhou para áreas de difícil acesso, levando a empresa a solicitar e receber apoio do II Batalhão de Bombeiros, em Linhares.
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