Clima afeta colheita de café e Conab estima que Espírito Santo deve colher 13,9 milhões de sacas
O Diagnóstico de Queimadas, divulgado esta semana pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo, revela que, entre 1º de maio e 16 de setembro, foram registrados 388 focos de incêndio, resultando na queima de 5.683 hectares. Desse total, 50,7% correspondem a pastagens. Os municípios mais impactados com focos de incêndios foram Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e Iúna. As pastagens sofreram os maiores danos, seguidas pelas macegas e brejos.
Os municípios mais impactados com focos de incêndios incluem Cachoeiro de Itapemirim (31 focos), Colatina (30), Iúna (30), Muniz Freire (20) e Baixo Guandu (19), entre outros. Em relação à área afetada por incêndios que queimaram mais de um hectare, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Guarapari foram os mais atingidos, com 978, 863 e 727 hectares, respectivamente.
Outros municípios que sofreram danos significativos incluem Iúna (306 hectares), Castelo (298 hectares), Santa Teresa (195 hectares) e Brejetuba (172 hectares).
Entre os 5.268 hectares queimados no estado, as pastagens foram as mais prejudicadas, totalizando 2.878 hectares, ou seja, 50,7% do total. As macegas (vegetação rasteira composta principalmente por gramíneas) foram o segundo tipo de vegetação mais afetado, com 588,1 hectares queimados.
Outros tipos de vegetação impactados incluem brejos (477,16 hectares), matas nativas em estágio inicial (351,80 hectares) e matas nativas (263,81 hectares).
O secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, destacou os graves impactos da seca na pecuária, especialmente nas pastagens. Segundo dados do IDAF, aproximadamente 50% dos 388 focos de queimadas ocorreram em áreas de pastagem.
“Embora plantações de banana e café também tenham sofrido danos, o maior prejuízo é nas pastagens, essenciais para a alimentação do gado”, afirmou Bergoli.
Ele também alertou que, mesmo com a expectativa de chuvas, os produtores podem enfrentar até seis meses sem uma oferta adequada de alimentação, o que prejudicaria tanto a pecuária leiteira quanto a de corte.
“Para mitigar os efeitos da seca, o governo estadual implementou programas significativos, como o de desenvolvimento sustentável da cadeia do leite, além de distribuir 40 ensacadoras de forragem para uso comunitário, facilitando a produção de silagem. Outras 70 ensacadoras estão sendo licitadas para atender ainda mais comunidades”.
Renata Erler, especialista em Gestão Pecuária 360°, enfatiza os impactos recorrentes da seca na pecuária. “As secas são uma realidade anual e não deveriam pegar ninguém de surpresa. Geralmente, a produção de forragem diminui, o desempenho produtivo cai, e isso exige ajustes na lotação e suplementação, dependendo das condições de cada propriedade. Não há uma solução única; é fundamental respeitar as particularidades de cada fazenda”, destacou.
O Espírito Santo possui uma área de 1,46 milhão de hectares de pastagens, destinadas principalmente à bovinocultura de corte e leite. Essas pastagens sustentam cerca de 2,2 milhões de cabeças de gado, distribuídas em pouco mais de 35 mil propriedades, gerando um faturamento superior a 1 bilhão de reais por ano.
ES implementa sistema para combater queimadas ilegais
Uma das iniciativas anunciadas pelo governador Renato Casagrande é a aquisição de uma nova ferramenta para identificar áreas queimadas e focos de incêndio. O sistema Brasil Mais será integrado à Central de Monitoramento de Florestas do IDAF.
Esse sistema permitirá o monitoramento diário da vegetação do estado, além da emissão de alertas em tempo real sobre desmatamento ilegal. Com a detecção rápida de focos de incêndio, será possível mobilizar equipes de combate e evitar a propagação das chamas, minimizando os danos.
Atualmente, a Central de Monitoramento de Florestas do IDAF já realiza levantamentos mensais de imagens, permitindo identificar o tamanho das áreas desmatadas, ocorrências de incêndios, cicatrizes de fogo, qualidade da água, reflorestamento, localizações de crimes ambientais e os infratores. Com a implementação do sistema Brasil Mais, o IDAF e outros órgãos ambientais terão acesso diário a esses dados.
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