Valor 1000: Conheça as maiores empresas do agronegócio no Brasil
A B3, bolsa de valores brasileira, começou a negociar contratos futuros de café conilon/robusta (coffea canephora) nesta segunda-feira (23). A ideia é que esses contratos ajudem produtores, cooperativas, comercializadoras e indústrias a se protegerem melhor das variações de preço no mercado, já que permitem fixar o valor do café para vendas futuras. A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha, a Cooabriel, foi a primeira a fechar um contrato futuro, fortalecendo suas operações e trazendo mais segurança para seus 8 mil associados. A primeira negociação de conilon na B3 foi intermediada por Rafael Furlanetti, um dos sócios da XP Investimentos.
Com a negociação na B3, o café conilon do Espírito Santo ganha mais destaque no mercado nacional e internacional, além de aumentar sua liquidez. A bolsa será responsável por avaliar as amostras e garantir que o café atenda aos critérios de qualidade definidos nos contratos, assegurando a confiança nas transações.
O Espírito Santo, maior produtor e exportador de conilon no Brasil, ganha uma importante ferramenta para estabilizar os preços e trazer mais previsibilidade ao setor cafeeiro. A B3 vai atuar como um termômetro, sinalizando as tendências de preço e ajudando os produtores a planejar suas atividades com mais segurança.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de café conilon, e o Espírito Santo responde por cerca de 70% da produção nacional. Estados como Rondônia e Bahia também se destacam no cultivo dessa variedade.
“Na produção e comercialização de qualquer produto agrícola é muito importante ter uma ferramenta de trava de preço para vendas futuras. Com esse lançamento, buscamos atender uma demanda do mercado para a criação de um derivativo que aumente a proteção de preço do café contra as flutuações inesperadas”, comenta Marielle Brugnari, head de produtos de commodities da B3.
Os contratos de café conilon negociados na B3 podem incluir a entrega física, com lotes armazenados em armazéns credenciados. Cada contrato equivale a 100 sacas de 60kg de café em grãos crus, com vencimento em meses específicos: janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro.
Além do contrato futuro de café conilon/robusta, a B3 conta com outros seis contratos de commodities: café arábica, milho, soja CME, soja FOB Santos, boi gordo e etanol hidratado.
O início da comercialização contou com a presença do secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, que ajudou a negociar o modelo do contrato ouvindo todos os elos da cadeia produtiva, dos produtores aos traders.
“A entrada do conilon na B3 é um passo fundamental para consolidar o setor cafeeiro capixaba Ao reduzir as oscilações de preço e aumentar a liquidez do mercado, essa medida protege o patrimônio dos nossos cafeicultores e suas famílias”, afirma Bergoli.
Primeira negociação – A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha, a Cooabriel, foi a primeira a fechar um contrato futuro de conilon. Com isso, espera fortalecer suas operações de hedge, trazendo mais segurança para os cerca de 8 mil produtores associados. A previsão da cooperativa é comercializar 2 milhões de sacas neste ano, com faturamento acima de R$ 2 bilhões.
Gestão de riscos e clima – Nos últimos anos, o Espírito Santo enfrentou desafios como temperaturas mais altas e chuvas abaixo da média, o que afetou a produção e qualidade do café. A expectativa é que o novo contrato ajude os pequenos e médios produtores a lidarem melhor com os impactos das crises econômicas e climáticas.
Negociação em reais – Diferente do café arábica, que é cotado em dólar, o conilon será negociado em reais, mais adequado ao perfil da produção nacional, que é voltada majoritariamente para o mercado interno. A maior parte da produção de conilon/robusta provém do Espírito Santo, responsável por 70% do volume nacional.
Visibilidade e segurança nas transações – De acordo com a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo, a negociação do café conilon na B3 deve aumentar sua visibilidade tanto no mercado nacional quanto internacional, além de garantir maior liquidez. A B3 vai avaliar as amostras de café e verificar os critérios de qualidade, garantindo a segurança das transações.
Novos investidores – A entrada do conilon na B3 promete atrair novos investidores, abrindo mais oportunidades de negócios e fortalecendo a cadeia produtiva. Com maior visibilidade no mercado financeiro, o produto também tem potencial para impulsionar exportações, consolidando o Espírito Santo como o principal produtor de conilon no mundo.
Especificações técnicas do contrato:
Objeto de Negociação: Café cru, em grão, de produção brasileira, coffea canephora, tipo 7/8 (7-35) ou melhor, para entrega no município de Vitória (ES)
Código de negociação: CNL
Cotação: Reais (R$) – por saca de 60kg
Tamanho do contrato: 100 sacas de 60kg, ou 6 toneladas métricas
Meses de vencimento: janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória