Nestlé detalha planos para reduzir emissões de carbono em 50% até 2030; ES é protagonista
A NetZero, green tech franco-brasileira focada no uso de biochar para combater as mudanças climáticas, oficializa hoje (18) uma parceria com a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Espírito Santo (Cafesul), em Muqui. Em entrevista à coluna Agro Business, Pedro de Figueiredo, cofundador e CEO da NetZero no Brasil, revelou que a cidade de Muqui pode receber uma fábrica de biochar nos próximos meses, com investimento de R$ 20 milhões. Além disso, estão previstas outras três plantas em Minas Gerais. Atualmente, a empresa opera em três localidades: uma fábrica-piloto em Camarões e duas fábricas comerciais no Brasil, em Lajinha (MG) e Brejetuba (ES). No plano global, a NetZero planeja instalar cerca de 15 fábricas até 2025, com foco no Brasil.
Desde abril de 2023, a NetZero opera em Lajinha (MG), onde utiliza cascas de café como matéria-prima para a produção de biochar. Em junho deste ano, inaugurou sua segunda fábrica em Brejetuba (ES). Ambas as unidades operam em parceria com a Coocafé, uma cooperativa que fornece as cascas de café dos produtores associados. Em troca, os cafeicultores recebem parte do biochar produzido gratuitamente e podem adquirir o restante a preços subsidiados.
Além disso, a empresa anunciou a construção de uma nova fábrica em São João do Manhuaçu (MG) e outra em Paraguaçu (MG), previstas para iniciar operações em 2025.
Pedro de Figueiredo revelou que mais três fábricas estão planejadas para Minas Gerais e uma para o sul do Espírito Santo, especificamente em Muqui. No longo prazo, a NetZero tem como meta expandir globalmente, com a instalação de 700 fábricas de biochar até 2039. O Espírito Santo deve receber entre 50 e 60 dessas unidades, com investimentos que, seguindo o modelo de negócios de R$ 20 milhões por planta, podem ultrapassar R$ 1 bilhão no total.
Regiões produtoras de café e outras culturas no radar da NetZero
Municípios conhecidos pela produção de café arábica, como Afonso Cláudio, Iúna e Venda Nova do Imigrante, assim como São Gabriel da Palha, importante na produção de café conilon, estão entre as áreas de interesse da NetZero. O cofundador Pedro de Figueiredo destaca que o café conilon gera mais palha do que o arábica, o que pode ser estratégico para a empresa ampliar suas operações nessas regiões.
Atualmente, o biochar é produzido a partir de cascas de café, mas a startup planeja expandir para outras culturas, começando pela cana-de-açúcar a partir de 2025. A NetZero já negocia com grandes empresas do setor sucroalcooleiro para implementar fábricas que utilizam bagaço de cana como matéria-prima.
“A grande notícia é que, até agora, falamos apenas do café. No entanto, já estamos em discussões avançadas com as maiores empresas do setor sucroalcooleiro no Brasil para implementar fábricas que utilizem o bagaço de cana. Estamos de olho nos grandes polos produtores de cana-de-açúcar, como São Paulo e o Nordeste, além de regiões estratégicas como o Espírito Santo, sul da Bahia e Minas Gerais”, destacou Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero.
Hoje (18), em Muqui, a NetZero assina uma parceria com a Cafesul, cooperativa que reúne mais de 180 associados e está conectada a várias associações regionais. Recentemente, a empresa divulgou os primeiros resultados agronômicos do uso de biochar na produção de café arábica, com um aumento médio de 20% na produtividade.
O estudo foi conduzido em parceria com as universidades federais de Viçosa (UFV), Lavras (UFLA) e Espírito Santo (Ufes), em fazendas localizadas em Lajinha (MG), Mutum (MG), Martins Soares (MG) e Afonso Cláudio (ES).
Biochar: uma solução para o solo e o clima
O biochar, considerado um “condicionador de solo”, age como uma esponja de carbono, retendo água e nutrientes, além de contribuir para a redução de emissões de carbono e o combate às mudanças climáticas. A solução é amplamente reconhecida por entidades como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) por sua capacidade de armazenar carbono no solo por milhares de anos.
Na agricultura, o biochar tem o potencial de reduzir em até um terço o uso de fertilizantes químicos, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade. A NetZero busca remover mais de 5 milhões de toneladas de CO² até 2030, consolidando-se como uma das principais soluções para tornar a agricultura mais produtiva e sustentável.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória