Economia

Após ter pedido barrado, Lecar vai recorrer para disputar fábrica na Bahia com a BYD

A montadora de carros elétricos criada por empresário capixaba quer prazo de 180 dias para apresentar projeto para o espaço que abrigou a fábrica da Ford

Foto: Reprodução/ Mundo Business

A primeira montadora de carros elétricos de capital nacional Lecar entrou na semana passada na briga para adquirir a fábrica que pertenceu à Ford, em Camaçari (BA). No entanto, na última sexta-feira (01), o governo da Bahia indeferiu o pedido da empresa criada por empresário capixaba.

Até o momento, tudo indica que os novos proprietários do espaço sejam os chineses da Build Your Dreams (BYD), mas de acordo com o CEO e fundador da marca capixaba, Flávio Figueiredo Assis, a Lecar se movimenta para apresentar um plano para o espaço ao governo da Bahia.

O governo da Bahia começou a procurar uma nova empresa para assumir a instalação da indústria automotiva na fábrica em 2021, quando a Ford foi embora do país. 

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Foi aberto um processo licitatório e, até então, a BYD era a única empresa interessada no negócio, até a entrada da Lecar na disputa, realizada a dois dias do encerramento do chamamento público, no final de fevereiro.

“Fui a Camaçari porque tínhamos alguns conhecidos comprando robôs da linha de montagem da Ford. Eu achei muito estranho estarem se desfazendo do maquinário. Comecei a pesquisar qual era o tipo de negociação e me deparei com este chamamento público na última hora. A gente sabia há meses que a BYD tinha comprado a fábrica, o governo da Bahia diz que vendeu, então, me deparo com um chamamento público”, disse o CEO da Lecar. 

De acordo com Assis, após entrar no chamamento, o governo da Bahia deu à Lecar 30 dias para que apresentasse um projeto. Ele argumenta que isso vai, inclusive, contra a própria lei de ocupação de imóveis no estado nordestino.

Foto: Reprodução/Mundo Business

Flávio Figueiredo Assis, CEO e fundador da Lecar

Segundo o empresário, o prazo de 30 dias é muito curto para que um projeto robusto seja apresentado, e que de acordo com o próprio chamamento, a Lecar teria 180 dias para apresentar as propostas. 

“De acordo com a lei, quando um interessado se manifesta, ele tem 180 dias para fazer todos os estudos. A Lecar demonstrou o interesse e o governo tem que me oferecer os 180 dias para elaborar os projetos”. 

Assis afirma que, nesta terça-feira (5), dará entrada no requerimento para pedir os 180 dias necessários para a apresentação do projeto. Segundo ele, o período de 30 dias não é suficiente sequer para fechar um orçamento. 

“Não está no momento de apresentar projeto, inclusive, vamos dar entrada no requerimento pedindo nosso direito de 180 dias. Em 30 dias não dá para fazer nem o orçamento. Como vou montar o projeto de exploração de área, de expansão, se for preciso?” indaga. 

O empresário afirma que não há nenhum “plano B”, e que a fábrica de Camaçari é a única opção e único objetivo de aquisição para a Lecar. Segundo ele, há muitos investidores envolvidos no negócio. 

Ainda segundo Assis, a ideia é transformar o local no maior polo de produção automobilística do Brasil, caso a compra seja concluída. 

“Não tem segunda opção, aquela fábrica é nossa. Temos muitas pessoas envolvidas nos investimentos e vamos tomar conta daquele órgão. Vamos fazer o maior projeto da indústria automobilística brasileira”, afirma. 

O que diz o governo da Bahia

Por meio de nota enviado ao Folha Vitória, o governo da Bahia afirmou que o pedido da Lecar foi indeferido por falta de projetos de investimento e viabilidade

“A ausência de documentação legal obrigatória, incluindo projetos de investimento e de viabilidade do negócio, plano de negócios e layout do empreendimento levou o Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), a decidir nesta sexta-feira (1º) pelo indeferimento da manifestação de interesse da empresa LeCar S/A pelo terreno onde funcionou a fábrica da Ford, em Camaçari”, afirma, em nota.

No mesmo documento, o governo da Bahia informa que a empresa incluiu apenas dados cadastrais ao encaminhar o requerimento de manifestação de interesse pelo terreno. 

Também afirma que a falta dos projetos de utilização da área configura um descumprimento dos requisitos do Aviso de Chamamento Público para a destinação econômica da fábrica. 

“A LeCar solicitou prazo adicional de 180 dias para elaboração do projeto, o que evidencia inconsistência da proposta, pautada apenas em mera intenção e destituída de efetivas condições de competição com o projeto da BYD. A prorrogação do prazo para apresentação de projeto, além disso, é vedada pela legislação estadual relativa à destinação de áreas públicas para fomento econômico industrial.”

Na nota, o governo baiano informa ainda que apesar de ter tido o pedido indeferido, a empresa capixaba ainda pode manifestar interesse de implantar uma fábrica no estado, uma vez que existem outros terrenos disponíveis na Bahia. 

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