Economia

Apostar em lotes é opção diante da queda dos investimentos de renda variável

Mesmo aqueles que estão acostumados a investir em modalidades conhecidamente mais sólidas, como poupança, tesouro direto e imóveis prontos, vêm obtendo desvantagens, segundo o especialista

Foto: Divulgação

Juntos, a queda da bolsa de valores, do preço do petróleo, da taxa de juros da Selic e a alta do dólar formam a tempestade perfeita para investidores que estão acostumados a apostar em modalidades de renda variável, como ações, moedas, commodities e fundos de investimento, normalmente conhecidas pelas boas possibilidades de ganhos, mas agora também pelo alto risco.

Frente a isso, as dicas dos especialistas do mercado financeiro se voltam ao investimento em lotes, adotado principalmente por aquele perfil de investidor tradicional, que quer segurança e retorno. Na verdade, o movimento crescente desse segmento já vinha sendo observado desde o primeiro trimestre do ano passado, quando o lançamento de lotes aumentou 32% em comparação ao mesmo período de 2018, segundo a Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (Aelo). Agora, com a crise, tende a aumentar ainda mais.

“O direito de propriedade é algo estabilizado no Brasil e em grande parte das democracias. A propriedade é algo que, na prática, não é alienável do ponto de confisco e esse é o ponto mais básico que justifica a segurança de se adquirir um imóvel”, explica Alexandre Schubert, especialista da área, que acrescenta também que os lotes são conhecidos por fatores positivos como liquidez, economia (já que os custos de manutenção são menores que o de imóveis prontos), rentabilidade, valorização e crescimento do patrimônio pessoal e/ou familiar, além de servir como fonte de renda em caso de necessidade.

Mesmo aqueles que estão acostumados a investir em modalidades conhecidamente mais sólidas, como poupança, tesouro direto e imóveis prontos, vêm obtendo desvantagens, segundo o especialista.

“Você não pode agregar muito valor a um imóvel pronto. Pode no máximo reformar, mas a valorização não será como a de um lote, que você pode construir, investir. Em relação à poupança, apesar dela ter um pouco mais de liquidez que o lote, está perdendo para a inflação. Além disso, sempre existe o risco de confisco do valor, apesar do nosso sistema financeiro ser sólido. Por fim, no que diz respeito ao tesouro, quem tem coragem de investir numa modalidade como essa, que aposta no Estado? Nessa crise, todos os países estão endividados. Complicado comprar títulos sem saber o que vai acontecer nesse cenário incerto e depois dele”, argumenta Alexandre.

Em épocas de crise, como a atual provocada pela pandemia de coronavírus, os ativos de renda variáveis costumam ficar “inadministráveis”. É o que tem acontecido nos últimos tempos com a bolsa de valores, por exemplo. Nesse aspecto, fica difícil entender qual segmento, como petróleo e comércio, terá atratividade o suficiente para se investir, já que todos oferecem risco. “Diferentemente das demais modalidades, o lote é um ativo que se recupera com muita facilidade no primeiro sinal de retomada”, reitera Alexandre.

Para quem o lote serve?

O lote costuma servir a qualquer perfil de investidor – respeitada a condição de ser adquirido de uma empresa séria, que garanta toda a regularidade e legalidade da operação – atendendo desde quem quer adquirir para morar ou para vender e até mesmo alugar, dadas as novas modalidades que têm surgido, sobretudo em razão das startups. “Hoje é completamente possível comprar um lote para posteriormente locá-lo para galpões de logística, por exemplo, já que está crescente a demanda por estoque na fonte (no fornecedor) e não nos pontos de venda”, exemplifica Alexandre.

Segundo ele, a vantagem entre comprar um lote ainda no início – em detrimento de comprar depois que a região recebeu investimentos como pavimentação de ruas, calçamento e iluminação -, é meramente o preço.

“A única coisa que varia ao comprar um lote antes ou depois de recebidas as intervenções é o preço. É importante que fique claro que o usuário pode comprar o lote ainda no início, bastando para isso o registro do empreendimento no cartório, que é feito pela própria loteadora. Após esse procedimento, costuma-se levar no máximo 36 meses para o espaço receber os investimentos, agregando então mais valor para quem deixa para comprar ao final das obras.

Pesa também o fato de que, nessa etapa de finalização, 90% dos lotes costumam estar comercializados, aumentando a concorrência e o valor final para o usuário”, conclui.