*Artigo escrito por José Carlos Buffon Junior, advogado, empresário e coordenador do comitê de finanças públicas do IBEF/ES
O noticiário das últimas semanas foi bombardeado por dois assuntos de grande importância. Uma de importância global, e com expressivo reflexo no Brasil, o encontro da COP 27 no Egito, maior fórum sobre mudanças climáticas do planeta, cujas decisões refletem diretamente na agenda ESG em todo o mundo.
Outro assunto envolve as políticas a serem adotadas pelo próximo governo em relação às contas públicas. A nomeação da equipe de transição, notícias sobre os possíveis cotados para cargos da área econômica, discussão sobre a PEC que poderá ultrapassar o teto de gastos públicos em R$ 180 bilhões, e o histórico recente do Partido dos Trabalhadores e o descontrole das contas públicas, colocam o mercado em alerta trazendo consequência não só aos investidores, mas toda a sociedade.
Leia também: Artigo IBEF-ES | A importância da marca para a competitividade da empresa
Mas o leitor pode me perguntar: qual a relação entre esses dois temas? Eu digo: Total. Vamos lá, a agenda de mudanças climáticas é de grande importância para a sociedade e está presente em diversos fóruns mundo afora.
Contudo, tal debate não pode ser feito isoladamente, ao contrário, para ter maiores frutos a discussão deve ser feita dentre das premissas consagradas pelo movimento chamado ESG, sigla em inglês dado ao grupo de ações que buscam o desenvolvimento sustentável que conjugam o meio ambiente, o social e a governança.
Para aqueles que defendem e praticam o ESG, as mudanças climáticas e proteção ao meio ambiente são de grande importância, mas ele não pode ser feito dissociado do desenvolvimento social e dos aspectos da governança, que além de ajudar na implementação se preocupa principalmente na perpetuação das praticas, e que tais medidas gerem valor para atual geração e também para gerações futuras.
Tais premissas também devem ser observados por aqueles que fazem políticas públicas, os gastos atuais não podem ser visto apenas de forma separada, deve ser levado em consideração todas as consequências para as partes interessadas, como investidores, empresários, cidadãos pagadores de impostos e também as gerações futuras que terão que de alguma forma arcar com as dívidas contraídas na atualidade.
O que aprendemos com o ESG é que não podemos cuidar do social e do ambiental sem antes, primeiro, cuidar da Governança.
Observar os princípios das regras fiscais, não gastando mais do que se arrecada, é fundamental para que tenhamos um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável, que possibilite maior qualidade de vida para atual geração e também para as gerações futuras.