Economia

ARTIGO | Onde investir em 2023? Veja as perspectivas

A diversificação será, como sempre, fundamental. 2023 parece ser um cenário de boas oportunidades para o Brasil e para a Renda Fixa

Foto: Divulgação / Gran Reserva

*Artigo escrito por Thiago Goulart, Diretor de Conteúdo Técnico, do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (IBEF-ES)

2022 não foi um ano fácil. Vejamos alguns pontos: a taxa de juros americana chegou aos 5%; a Europa ainda vive sob o espectro da guerra; a taxa Selic, por aqui, chegou próxima dos 14% e a eleição presidencial foi decidida por uma margem ínfima entre os candidatos, a menor dentre todas as disputas pós-redemocratização.

No cenário internacional, os juros americanos, acostumados a taxas próximas a zero, terminou com juros a 4,25% ao ano e é esperado novas altas para 2023. Os prognósticos mais extremos são de juros a 6% ao ano, o que seria o maior nível em quase meio século.

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Com algumas alterações, esse também é o cenário para o Banco Central Europeu e para o Banco da Inglaterra. E até mesmo o Banco do Japão fez algumas mudanças na sua política de juros, visando permitir uma alta das taxas japonesas, cronicamente baixas (ou negativas).

Quando se trata de mercado financeiro, seja lá fora ou aqui no Brasil, quando os juros sobem, as ações caem. Além disso, o crédito fica mais caro e os consumidores têm menos folga financeira. Isso reduz as vendas e os lucros das empresas, que também passam a pagar mais pelo capital. 

Os dividendos emagrecem e os investidores migram para a renda fixa e para os títulos públicos, aplicações mais conservadoras. Essas são as premissas básicas de investimentos para este ano.

Em resumo, 2023 não será um ano fácil para investimentos em classe de ativos da Renda Variável. Por outro lado, a perspectiva de um alongamento da taxa básica de juros (Selic) em dois dígitos torna atrativos aplicações financeiras na modalidade Renda Fixa (títulos pós-fixados).

Trazendo a análise para o cenário doméstico, o Brasil provavelmente continuará sendo destaque dentre os países emergentes. Eis alguns pontos para levar em consideração: está longe das tensões geopolíticas, sempre se beneficia dos altos preços das commodities e da reabertura da China, além de ser uma das economias mais verdes do mundo.

Quando o assunto é Renda Fixa, juros e inflação são dois assuntos extremamente relevantes no momento de fazer os investimentos nessa classe de ativos. Quem decide a taxa básica de juros (Selic) no Brasil é o Comitê de Política Monetária (Copom) e em sua última reunião, o comitê fez a manutenção da Selic, em 13,75%.

Além disso, o mercado aponta expectativas e projeções de que os juros permaneçam acima de 13% ao longo de todo o ano, devido aos elevados desafios fiscais do novo governo. 

É, nesse sentido, que as taxas esperadas pelo mercado são o ponto de partida para os rendimentos dos títulos de renda fixa. Taxa elevada, espera-se mais um ano de protagonismo da Renda Fixa, com retornos interessantes.

Por falar em risco fiscal, o Congresso promulgou a PEC da Transição. O Senado validou, em dois turnos, as mudanças que foram promovidas pela Câmara dos Deputados na terça-feira (20/12). 

A versão final prevê a elevação do teto de gastos em R$ 145 bilhões, somente no exercício de 2023, além de liberar investimentos em até R$ 23 bilhões decorrentes de receitas extraordinárias, ou seja, custo fiscal total de até R$ 168 bilhões. Os custos fiscais apesar de elevados, estão em linha com o mercado.

Os títulos atrelados ao IPCA são boas alternativas de prazo médio a longo para proteção contra a inflação nos próximos anos. É possível que deva continuar alta, ou seja, acima da meta do Banco Central. Para que a proteção se concretize, no entanto, é preciso manter o ativo até a data de vencimento.

Mais voláteis, os títulos prefixados devem continuar a apresentar taxas elevadas, acima do que foi visto em 2022. 

O contexto pode ser visto como uma boa oportunidade, porém é preciso cautela em relação ao tamanho da alocação. Afinal, são estes os ativos mais sensíveis às oscilações de cenário macroeconômico antes do vencimento do ativo.

Tanto para ativos prefixados quanto IPCA+, o prazo deve ser levado em consideração: o ideal é escolher prefixados entre dois à três anos de vencimento e títulos de inflação com prazo médio (duration) de até 5 anos.

A diversificação será, como sempre, fundamental. 2023 parece ser um cenário de boas oportunidades para o Brasil e para a Renda Fixa, mas que não virá sem esforços na direção de uma política econômica e fiscal saudáveis.

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
Produtora Web
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória