Economia

ARTIGO | Trabalho degradante e o desenvolvimento sustentável

Empresas que não adotam práticas social e ambientalmente responsáveis estão com seus dias contados

Foto: Arquivo/ Agência Brasil

Mudanças no mercado trabalho e, consequentemente, do capitalismo, vêm acontecendo a passos largos desde a Revolução Industrial, com a criação das máquinas a vapor, até nos dias atuais, com a revolução da Inteligência Artificial. Tanto a forma de relação “capital x trabalho”, quanto a relação do “consumidor x fornecedor” sofreu, sofre e continuará a sofrer grandes modificações.

O que era em outra época aceito e até utilizado correntemente, hoje não é imaginável, por isso que notícias sobre trabalhos análogos à escravidão, como aconteceu recentemente em vinícolas com Rio Grande do Sul, causa espanto e repulsa dos cidadãos.

Segundo denúncia do Ministério Público do Trabalho, 207 trabalhadores eram mantidos em alojamentos contra sua vontade, na região da vinícola de Bento Gonçalves, com a utilização de medidas como agressões, choques elétricos, agiotagem e cárcere privado.

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A escravidão teve uma longa história em nosso país, milhares de pessoas foram escravizadas e tratadas como propriedades durante centenas de anos no Brasil, e também em diversos países ao redor do mundo. 

Apesar de protestos e movimentos contrários que sempre existiram, a escravidão era um regime de trabalho aceito em sua época, tendo seu fim apenas com a Lei Aurea em 1888, apenas 125 anos atrás, o que é bastante recente se comparamos com o surgimento do capitalismo.

A evolução do mercado de trabalho e das relações sociais e econômicas não permitem que empresas utilizem mais tais medidas em seu processo produtivo, ou contrário, hoje é cobrado que as organizações adotem práticas sociais, ambientais e de governança em todas as relações, seja com fornecedores, clientes, sociedade de modo geral e, principalmente, com os trabalhadores.

Empresas socialmente responsáveis, que se utilizam de práticas Environmental, Social e Governance (ESG), adotam políticas de valorização de seus empregados, como promoção do bem-estar dos colaboradores, preocupação com saúde mental, programas de inclusão, respeito aos direitos humanos, politica de treinamentos entre outros programas que visam a valorização dos trabalhadores.

As empresas que não adotam práticas social e ambientalmente responsáveis estão com seus dias contados. As vinícolas que foram pegas já sofreram as medidas adotadas pelo mercado, tiveram a sua reputação manchada e são alvos de boicotes por consumidores cada vez mais engajados com essas causas.

Ser ambientalmente e socialmente responsável, e possuir um sistema robusto de governança, que garanta o cumprimento das normais legais vigentes e observe as boas práticas de sustentabilidade empresarial, além de garantir um bom retorno para a sociedade, também possibilitam ao acionista e empresário um maior retorno ao longo prazo.

Pois a adoção de tais medidas, além de assegurar uma boa reputação da sua imagem perante à sociedade e aos seus clientes, também a faz livrar de sanções legais, com a multa de R$ 7 milhões que as empresas envolvidas terão que pagar, em recente acordo feito como Ministério Público do Trabalho. 

*Este artigo foi escrito por José Carlos Buffon Junior.