Economia

Banco Central mantém aperto de juros e sobe taxa Selic para 13,25%

Na primeira reunião do Copom com Gabriel Galípolo à frente do BC, taxa básica sobe 1 ponto percentual em decisão unânime e projeção continua de alta para próximo encontro

Prédio do Banco Central: Comitê definiu alta de juros por causa de cenário com pressão inflacionária. Crédito: :Raphael Ribeiro/BCB
Prédio do Banco Central: Comitê definiu alta de juros por causa de cenário com pressão inflacionária. Crédito: :Raphael Ribeiro/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o roteiro traçado em dezembro e aumentou nesta quarta-feira, 29, a taxa de juros básica da economia, a Selic, em um ponto porcentual, de 12,25% para 13,25%. A decisão foi unânime.

Esta foi a primeira reunião do colegiado desde que o economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, assumiu a presidência do BC, em 1º de janeiro.

No encontro anterior, em dezembro, o órgão havia sinalizado altas de um ponto nas duas reuniões seguintes. É consenso entre os analistas que a indicação para março será mantida.

As medianas do relatório Focus, que espelha a expectativa do mercado, indicavam alta de um ponto.

Sob a pressão dos custos dos alimentos e dos transportes, a inflação oficial no País acelerou de 0,39% em novembro para 0,52% em dezembro. Como resultado, o IPCA encerrou 2024 com uma alta de 4,83%. segundo o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE).

O centro da meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

Pela oitava vez desde que o sistema de metas de inflação foi implantado no Brasil, em 1999, o alvo para o IPCA perseguido pelo Banco Central foi descumprido, sendo sete por ficar acima do teto e uma por ficar abaixo do piso (em 2017).

Desde a reunião de dezembro do Copom, as medianas do relatório Focus para a inflação de 2025 e 2026 subiram 1,38 e 0,52 ponto porcentual, respectivamente, para 5,50% e 4,22%.

O IPCA-15 de janeiro mostrou uma piora na dinâmica da inflação de serviços, observada de perto pelo BC.

Em contrapartida, o dólar perdeu força frente ao real e, desde a semana passada, opera abaixo da linha de R$ 6. A atividade econômica também passou a dar sinais de desaceleração, e a trajetória de Selic esperada pelo mercado aumentou.

Esta reunião do Copom foi a primeira com a participação dos novos diretores, Nilton David (de Política Monetária), Gilneu Vivan (de Regulação) e Izabela Correa (de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta), chancelados por Lula, cujas indicações passam a ser maioria no colegiado.

Viés de alta para a próxima

O Banco Central manteve a previsão de aumento de 1 ponto porcentual na Selic na próxima reunião do colegiado, em março, e alertou que a magnitude do ciclo de ajuste para além desse prazo está condicionada à convergência da inflação à meta.

Esta é a indicação que consta no comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o primeiro da gestão de Gabriel Galípolo na presidência da autoridade monetária, que confirmou a elevação dos juros de 12,25% para 13,25% ao ano.

Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Colegiado do Copom.