As parcerias para o bom funcionamento da Indústria da Floresta não se resumem apenas em prestação de serviços e fornecimento de matéria-prima. Os estudos sobre o tema são fundamentais para o aprimoramento do negócio e para isso é necessário se unir às instituições de ensino que estão ao entorno da grande corporação.
A geração de conhecimento para o crescimento do setor é o tema da terceira reportagem da série Cadeia de Valor, apresentada nesta quarta-feira (09) no Jornal da TV Vitória.
Para fomentar o desenvolvimento de pesquisas na área em que atua, a Fibria investe em bolsas de estudo, pesquisas científicas e prepara mão de obra qualificada para o seu negócio. Essa formação vai desde o ensino médio até o pós-doutorado.
Os estudantes Leonardo da Silva e Jackson Scopel, ambos de 17 anos, já planejam o futuro com esse apoio. Leonardo pretende fazer engenharia mecânica: “a parte que eu mais gostei da mecânica é a tornearia”. Já Jackson quer se formar em mecânica, “na área da usinagem mesmo”. Os dois estudam gratuitamente no Senai, no curso Aprendizagem em Mecânica.
“A empresa tem o contrato desses aprendizes onde eles são beneficiados com salário equivalente com a hora trabalhada e isso é um atrativo a mais; a preocupação de formação para conquistar o primeiro emprego é latente nesses jovens” explicou o gerente do Senai de Aracruz, José Braz Viçose.
“Aracruz é um celeiro de profissionais e o objetivo do Senai é formar pessoas competentes para que as empresas aqui instaladas tenham um profissional ‘de casa’”, ressaltou.
Somente no Espírito Santo, a parceria de grandes empresas com o Senai já resultou na qualificação de centenas de profissionais. Um deles é Jeberson Cocco. O operador de máquina florestal da Fibria era ajudante de pedreiro quando decidiu se especializar viu sua vida mudar. “Participei desse curso por um ano e nove meses e depois fui efetivado na profissão. Morava de aluguel e hoje tenho minha casa própria”, disse.
Além de investir em cursos técnicos, as empresas, principais interessadas em oferta de mão de obra qualificada, investem em cursos de graduação, mestrados, doutorados e pós-doutorados na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O Departamento de Ciências Florestais e da Madeira cresceu graças a essa parceria.
“Para que os nossos estudantes pudessem desenvolver as suas pesquisas, tínhamos necessidade de nos aproximar das empresas. Essa parceria foi muito importante para nós, para o Estado, para o país e para a coletividade”, afirmou o professor da Ufes, José Tarcísio Oliveira.
Bom para os alunos, para as instituições e para as empresas. “Agregamos conhecimento em função de toda a inovação que é desenvolvida na Universidade e, ao mesmo tempo, transferimos as demandas reais no dia a dia do setor florestal para que as universidades também possam focar em pesquisas mais aplicadas às necessidades do setor”, falou o gerente de manejo florestal da Fibria, Robert Cardoso.
Em 12 anos, a Fibria investiu quase R$ 1,5 milhão em parcerias com a Ufes. O recurso foi destinado para bolsas de estudo e projetos científicos que resultaram em 36 dissertações de mestrado que ajudaram no desenvolvimento da empresa.
Uma delas é da Brunela Rodrigues. Aluna de doutorado em ciências florestais, a jovem de Fundão vive em Jerônimo Monteiro desde a graduação, quando já voltava seus estudos para as plantações de eucalipto.
“Eu iniciei o projeto trabalhando na minha iniciação científica no laboratório da Fibria e em seguida fiz a monografia de conclusão de curso com o material da empresa também, graças a essa parceria. Quando terminei a monografia, fiz um curso de um mês em Manaus e logo que cheguei consegui um estágio na empresa”.
Fabrício Gonçalves é exemplo de investimento no saber aplicado na empresa e devolvido para a sociedade. Sua dissertação de mestrado, que avaliou a qualidade da madeira, foi fruto da primeira parceria da empresa com a universidade. A pesquisa foi usada na serraria de uma fábrica.
“Muitos dos projetos que são desenvolvidos visam à solução de algum problema que aparece em campo e isso que tem motivado a continuidade dos trabalhos. A gente busca o desenvolvimento de novas parcerias exatamente para tentar resolver o problema real que a empresa vive e fornece a capacitação em forma de mão de obra especializada com nível de pós graduação para o estudante”, finalizou o engenheiro florestal e professor da Ufes.
Confira: