A produção industrial no Espírito Santo registrou uma queda de 15,7% em 2019, na comparação com o ano anterior. A redução foi bem maior do que a média nacional, que fechou em -1,1%. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram analisados pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
De acordo com o levantamento, os setores que mais caíram no estado foram os de celulose (-34,3%), minério de ferro (-29,6%) e produtos feitos com ferro e aço (-21,2%).
De acordo com a Findes, o principal motivo da queda na indústria da celulose no Espírito Santo foi a redução nas vendas no mercado internacional. Já no caso do minério de ferro, houve queda na produção após a tragédia de Brumadinho.
Além disso, ainda há reflexo do desastre de Mariana (MG), ocorrido em 2015, e da consequente suspensão das atividades da Samarco. Isso, segundo a Federação das Indústrias do Espírito Santo, mostra a necessidade de o estado diversificar sua indústria.
“Nós temos um trabalho que está sendo desenvolvido em conjunto com a academia e com o governo do Estado, que é o Indústria 2035, que tem justamente esse propósito: mostrar a oportunidade, diversificação e, mais do que isso, construir rotas para que essa diversificação econômica e industrial de fato aconteça no Espírito Santo. Isso tem que ser uma agenda abraçada por toda a sociedade, em especial pelo governo, tornando-se uma política de desenvolvimento para o Espírito Santo, para que a gente possa mitigar mais esses momentos, que acontecem. Quando você tem a economia mais diversificada, a população e o setor econômico sentem menos”, afirmou o presidente da Findes, Léo de Castro.
No entanto, nem todos os setores da indústria capixaba registraram queda no ano passado. Os maiores crescimentos foram os da indústria de alimentos (13,5%), seguido do setor de minerais não metálicos, cimento e rochas ornamentais (10,2%). Isso, segundo a Findes, deixa os empresários otimistas para 2020.
“O setor industrial está animado com as perspectivas para 2020. Acreditamos muito que o Brasil vai seguir nas reformas, em especial a tributária. Acho que isso muda muito o cenário de competitividade da indústria. Além disso, nós temos vários indicadores que são importantes. Essa queda de juros que está acontecendo no país estimula o consumo, a inflação controlada. [Isso tudo] são indicadores de que a demanda tende a crescer e, consequentemente, a indústria produzir mais”, ressaltou Léo de Castro.
Outra razão para o otimismo são os anúncios de investimentos privados no Espírito Santo. Em 2020 devem começar a ser construídas três novas fábricas, que somam investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão.
“O Espírito Santo tem uma carteira importante de investimentos, tanto indústrias tradicionais – mineração e celulose – como novas indústrias, que estão escolhendo o Espírito Santo para trazer suas fábricas, em especial na região norte do estado. Indústrias de eletrodomésticos, de beneficiamento de café, e que vão ajudar muito nessa retomada. Além disso, nós temos a expectativa do recomeço de operação da Samarco no segundo semestre, que tem um peso muito grande na economia, não só de forma direta, como também em função de toda a cadeia de fornecedores que atendem a empresa”, destacou o presidente da Findes.
Com informações do repórter Laércio Campos, da TV Vitória/Record TV
Brasil
A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (11), apontou que, dos 15 locais pesquisados, o Espírito Santo foi o estado com maior queda na produção industrial de 2019.
Ao todo, cinco locais registraram quedas. Além do estado capixaba, houve perdas em Minas Gerais (-5,6%), Região Nordeste (-3,1%), Bahia (-2,9%), Mato Grosso (-2,6%), Pernambuco (-2,2%) e Pará (-1,3%). Na média global, a indústria nacional recuou 1,1% em 2019.
Em São Paulo, maior parque industrial do País, houve uma elevação de 0,2% no ano de 2019. Os demais avanços ocorreram no Paraná (5,7%), Amazonas (4,0%), Goiás (2,9%), Rio Grande do Sul (2,6%), Rio de Janeiro (2,3%), Santa Catarina (2,2%) e Ceará (1,6%).
O índice de média móvel trimestral para o total da indústria recuou 0,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2019 frente ao nível do mês anterior, intensificando, dessa forma, o resultado negativo registrado em novembro de 2019 (-0,2%), quando interrompeu a trajetória ascendente iniciada em julho de 2019.
Doze dos 15 locais pesquisados apontaram taxas negativas nesse mês, com destaque para os recuos mais acentuados assinalados por Espírito Santo (-4,7%), Minas Gerais (-3,0%), Pernambuco (-1,8%), Bahia (-1,7%), Paraná (-1,3%), Rio Grande do Sul (-1,0%) e São Paulo (-0,8%). Por outro lado, Amazonas (0,2%) e Região Nordeste (0,2%) mostraram os avanços em dezembro de 2019.
Na comparação com igual mês de 2018, o setor industrial mostrou redução de 1,2% em dezembro de 2019, com sete dos 15 locais pesquisados apontando resultados negativos. Espírito Santo (-24,8%) e Minas Gerais (-13,6%) assinalaram os recuos mais intensos. Bahia (-4,7%), Goiás (-2,6%) e São Paulo (-1,6%) também registraram taxas negativas acima da média da indústria (-1,2%), enquanto Rio Grande do Sul (-0,6%) e Pernambuco (-0,4%) completaram o conjunto de locais com recuo na produção nesse mês.
Por outro lado, Amazonas (12,2%) apontou o maior avanço em dezembro de 2019. Rio de Janeiro (4,5%), Ceará (4,5%), Região Nordeste (3,8%), Paraná (2,5%), Pará (1,4%), Santa Catarina (1,1%) e Mato Grosso (0,9%) também mostraram taxas positivas nesse mês.
Com informações do Estadão Conteúdo e IBGE