Em tempos de “goumertização” da gastronomia, micro-empreendedores capixabas seguem na contramão da crise econômica: são os cervejeiros artesanais. De acordo com produtores, a expectativa é de um crescimento de até 100% nas vendas das cervejas artesanais no Espírito Santo este ano.
De acordo com o produtor José Olavo Médici Macedo, o Estado demorou para entrar no cenário da cerveja artesanal, mas 2016 deve ser um ano de crescimento para o setor.
“Se nós olharmos o cenário nacional, o Rio de Janeiro, por exemplo, tem cerca de 40 marcas de cervejas artesanais. O Espírito Santo tem apenas três. Mas, mesmo assim, o setor está em aquecimento, já temos conhecimento que mais três cervejarias devem ser abertas em 2016. Acredito que as vendas devem aumentar também neste ano”, afirma.
Macedo é proprietário da primeira cervejaria artesanal registrada no Ministério da Agricultura no Espírito Santo, a Else Beer. A fábrica, que fica localizada em uma área rural de Viana, na Grande Vitória, tem capacidade de produção de 3 mil a 3,5 mil litros da bebida por mês.
“O perfil dos meus clientes são os que apreciam a cerveja. Isso porque se olharmos em preços, uma garrafa de cerveja artesanal pode corresponder a até quatro garrafas das cervejas tradicionais. Por isso, um perfil de consumidor de classe social mais alta”, conta Macedo que vende cada garrafa de cerveja artesanal por cerca de R$ 25.
Já o empresário Leonardo Almeida Benjamim é proprietário da marca mais recente de cerveja artesanal em venda no Estado, a King Bier. Com dez meses de mercado, o cervejeiro tem boas expectativas de vendas, mesmo com a crise financeira.
“Nós ainda somos muito novos no mercado, mas a perspectiva é atingir o limite máximo da produção da nossa fábrica, que é de seis mil litros de cerveja por mês. Investimos muito em tecnologia, equipamentos e na quantidade de ingredientes comprados. Esperamos um aumento nas vendas já que o setor vem crescendo muito no Estado”, diz Benjamim.
Para ser produzida, uma cerveja artesanal demora de 20 a 24 dias. O valor agregado do produto é considerado alto e é vendida, no Espírito Santo, com preços entre R$ 15 e R$ 25.
Cerveja com coentro
Buscando uma mescla da cerveja com a culinária, o cervejeiro José Olavo Médici Macedo desenvolveu uma receita de cerveja com um sabor pra lá de especial: a cerveja de coentro. O ingrediente em cerveja é inédito no Espírito Santo e a perspectiva é que a venda comece no segundo semestre de 2016.
“Nosso objetivo é cruzar a gastronomia com a cerveja. E a culinária capixaba, para mim, é uma das melhores do país. Por isso, veio a ideia de incluir o coentro em uma de nossas cervejas. É importante deixar claro que a pessoa não vai sentir gosto de coentro na cerveja, mas sim uma harmonização maior da comida com a cerveja”, explica Macedo.
Onde encontrar
Embora seja um setor em crescimento, as cervejas artesanais produzidas no Espírito Santo não são encontradas em qualquer estabelecimento. O foco dos empresários são os pubs capixabas, bares especializados, restaurantes, e em algumas redes de supermercados.
“Nós vendemos bastante em pubs, também no formato de chopp, mas também estamos investindo bastante em eventos, isso em parceria com as outras marcas que se juntam e buscam reunir os apreciadores de cervejas artesanais”, conta o empresário e cervejeiro Leonardo Almeida Benjamim.
O passo a passo
Mestres cervejeiros, profissionais ou não, estão há décadas produzindo cerveja caseira, que é a cerveja feita em casa para consumo próprio. Com um investimento inicial de aproximadamente R$ 2 mil, e muita paciência para produzir a bebida, é possível produzir cerveja em casa.
Além dos ingredientes, como malte, fermento e lúpulo, são necessários alguns equipamentos como um refrigerador do tipo que é usado em bares e um termostato para garantir a temperatura correta na hora da fermentação.
A receita, porém, para todo o processo de confecção da cerveja artesanal está disponível na internet.
