A comerciante Simony Jesus Santos trabalhava em uma loja, mas não tinha carteira assinada. Ao ser demitida, viu a sua situação ficar crítica e logo ‘correu atrás’ de uma solução para pagar as contas e se sustentar. Ela faz prendedores de cabelo na própria banquinha onde comercializa os produtos em uma calçada na avenida Expedito Garcia, em Campo Grande, Cariacica.
“Quando não se está ganhando dinheiro com uma coisa, em que partir para outra porque temos que pagar as contas, comprar medicamentos porquê de vez em quando temos que tomar algum remédio”, disse.
Simony faz parte de um grupo de capixabas que foi demitido e partiu para o mercado informal. De acordo com dados da prefeitura de Cariacica, foram feitos 380 novos cadastros de ambulantes no município até o começo de agosto deste ano contra 250 em todo o ano passado.
Segundo o coordenador de posturas do município, Gilmar Lopes, o crescimento do número de ambulantes gera uma série de transtornos em Cariacica e em alguns bairros do município já não suportam mais novos trabalhadores.
“O transtorno maior é a acessibilidade, os ambulantes só querem ficar nos grandes centros e estes locais já estão ocupados e isso gera reclamações. Então, procuramos analisar cada caso e tentar resolver os dois lados, o do reclamante e o do reclamado”, afirmou.
Em outros municípios da Grande Vitória se repete o cenário de Cariacica. Em Vila Velha, são 500 novos cadastros de ambulantes em 2016 e, se comparando a 2015. Em Vitória, também foi registrado um aumento no pedido de novas licenças de ambulantes em relação ao ano passado. As solicitações estão sendo analisadas e neste mês, 26 pedidos já foram solicitados, 19 pedidos a mais se comparado ao mês de agosto de 2015. Já o município da Serra não tem os dados apurados.
De acordo com dados o IBGE, o número de desempregados no Estado cresceu cerca de 5% no segundo trimestre de 2016 se comparado com o mesmo período do ano passado. Se por um lado o trabalho de ambulante garante uma solução a curto prazo, quem está nessa área há muito tempo garante que o mercado informal é repleto de riscos.
Carlos André trabalha como ambulante na avenida Expedito Garcia, em Campo Grande há 15 anos. Com a renda acumulada nesse tempo, no último dia 10 se formou em Direito. Mas ele alerta, que se a prefeitura resolver mudar as normas de fiscalização da noite para o dia, o ambulante ficará sem ter o que fazer.
“A prefeitura pode simplesmente mudar as normas e não permitir mais que o ambulante continue seu trabalho ou até mesmo o Estado pode mudar as regras e quem fica no prejuízo é o ambulante”.