Com resultado acima da média nacional, que apresentou recuo de 0,1%, a produção da indústria no Espírito Santo cresceu 7,6% em novembro de 2022, na comparação com o mês anterior.
No período, a indústria de transformação capixaba (4,6%) e o setor extrativo (0,3%) cresceram, o que influenciou o bom resultado.
Os dados são da Produção Industrial Regional (PIM-PF), divulgados na sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e compilados pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
De acordo com a gerente de Estudos Econômicos do Observatório da Indústria da Findes, Silvia Varejão, dentro da indústria de transformação há, como destaque, o aumento de produtividade de celulose, papel e produtos de papel (19,2%).
O segmento foi beneficiado pela demanda externa aquecida e, consequentemente, pelo aumento dos preços da fibra de eucalipto, que, segundo a especialista, ficou em torno de US$ 650 por tonelada no ano passado.
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Ainda de acordo com Silvia, a indústria extrativa, teve resultado positivo puxado pelo aumento da produção de pelotas de minério de ferro.
“Além disso, vale lembrar que no mês de novembro o preço da commodity voltou a se recuperar diante da expectativa da melhora na demanda com a reabertura de mercado da China”, complementa.
Brasil e recuo do ES no acumulado de janeiro a novembro
No Brasil, a indústria perdeu ritmo no resultado do penúltimo mês de 2022. Na comparação com outubro do ano passado, ela retraiu -0,1% em novembro, puxada principalmente pela redução da produção na indústria extrativa (-1,5%) e no setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,5%).
Apesar do resultado positivo em novembro, no acumulado de janeiro a novembro de 2022, a indústria capixaba recuou 7,2%, puxada principalmente pelas indústrias extrativa (-18,3%) e de transformação (-1,9%). Já a fabricação de celulose e papel (8,4%) permaneceu em um patamar positivo.
De acordo com Silvia, o ano de 2022 trouxe grandes desafios para a indústria capixaba e nacional. Entre eles estão a desaceleração da economia internacional, o esgotamento do processo de recomposição de estoques globais, o aperto da política monetária, o alto endividamento das famílias e a falta de reação da indústria extrativa são as principais justificativas.
“Todos esses fatores levaram a uma redução do consumo de bens industriais por todo o mundo”, explicou.
Apesar da indústria extrativa ao longo do ano passado ter apresentado resultados negativos, segundo a economista, podemos ter um desempenho melhor neste ano.
“Espera-se que o setor extrativo seja beneficiado, nos próximos meses, pela retomada das atividades das plataformas FPSO Cidade de Anchieta e P-57, que ficaram paralisadas até novembro de 2022”, finalizou.
Apesar do crescimento, economista faz alerta sobre os números
Mesmo estando acima da média nacional, os indicativos do Espírito Santo precisam ser vistos com mais cuidado. É o que diz o economista e membro do Conselho Regional de Economia, Eduardo Araújo.
“A pesquisa traz indicação de que a atividade industrial no Espírito Santo acumula queda de 12% em 2022. A retração ocorre impulsionada principalmente pela redução da atividade extrativa. Há fatores conjunturais que explicam essa queda, como a redução da cotação do barril do petróleo e também as taxas de juros elevados (que desestimulam investimentos produtivos).”
Eduardo reforça a necessidade de um trabalho mais eficiente no que diz respeito à atração de investimentos para o Estado.
“Os números trazem preocupação porque o Espírito Santo já vinha acumulando a maior queda do PIB per capita entre 2010-2020, segundo dados recentes do IPEA data. A retração da atividade industrial no ES acende um alerta da necessidade de uma agenda de políticas mais agressivas para a atração de investimentos e diversificação econômica”, alerta o economista.
Araújo ainda aponta que esses indicativos são um sinal de que o Estado não tem apresentado êxito na utilização do potencial de geração de riquezas para promover o que ele chama de “prosperidade”.
Sobre essa prosperidade econômica, Eduardo explica o que é necessário para que a mesma seja alcançada.
“As evidências científicas indicam que prosperidade econômica se alcança sobretudo com melhoria em indicadores educacionais, aprimoramento da infraestrutura, e também avanços no ambiente institucional”, explicou.
Para além de um trabalho árduo do poder público, o economista ressalta que a mudança deste cenário também deve contar com a participação de quem sente diariamente o impacto no bolso: a sociedade.
“É claro que ações do governo federal para assegurar estabilidade democrática e aprovação de uma reforma tributária são essenciais. Mas também é importante que a sociedade civil organizada monitore o andamento de planos de desenvolvimento econômico locais propostos por governos”, disse.